Combate ao branqueamento de capitais, 10 abril 2013
 
2013-04-10 às 14:37

COOPERAÇÃO INTERNACIONAL É CONDIÇÃO NECESSÁRIA PARA O COMBATE EFICAZ AO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

«A cooperação internacional é essencial» porque a realidade «do branqueamento de capitais e do financiamento do terrorismo e da proliferação de armas de destruição maciça, em paralelo com a criminalidade organizada, ultrapassa com enorme facilidade as fronteiras dos Estados», afirmou a Ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz numa conferência organizada pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros intitulada «Os novos padrões internacionais do Gabinete de Ação Financeira Internacional [GAFI] sobre a luta contra o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo: inovações e desafios», em Lisboa.

Sublinhando que «um combate eficaz destas realidades não depende apenas dos esforços de um país», antes «requer uma ação concertada e uma cooperação reforçada», a Ministra referiu ainda que «a criação de mecanismos modernos e ágeis entre os Estados permitirá ultrapassar alguns obstáculos ainda existentes, para que os autores destas infrações que lhe estão associadas encontrem o devido julgamento das suas ações criminosas».

Paula Teixeira da Cruz realçou também a vantagem de a cooperação internacional garantir «a defesa dos interesses dos Estados, das suas instituições e dos seus cidadãos, proporcionando um elevado nível de proteção em matéria de justiça e promovendo a segurança dos sistemas financeiros».

Sobre a atividade de Portugal neste âmbito, a Ministra destacou «as ações de formação que os serviços do Ministério da Justiça têm vindo a prestar aos seus funcionários para que estes estejam cientes das suas obrigações e dos seus deveres no contexto da prevenção e da luta contra o branqueamento de capitais e do financiamento do terrorismo». Paula Teixeira da Cruz lembrou, igualmente, «a atuação da Polícia Judiciária [PJ], a par da atividade dos serviços competentes pelos registos e pelo notariado».

No sector financeiro, «temos vindo a assistir a um aumento do número de entidades que reportam comunicações de operações suspeitas», tendo 2012 sido o ano em que se registou um maior aumento de comunicações à polícia, referiu a Ministra.

Quanto às instituições de crédito, as comunicações recebidas em 2012 aumentaram 30% face a 2011. De acordo com os dados recolhidos entre janeiro e março de 2013 (528 comunicações), Paula Teixeira da Cruz adianta ser previsível que «aumente ainda mais o número de comunicações destas entidades».

Assim, a Ministra destacou «o notável trabalho que a este nível vem sendo desenvolvido, sendo igualmente de enaltecer a prossecução de parcerias que a unidade de informação financeira da PJ vem desenvolvendo no plano internacional, como são exemplos os memorandos assinados em 2012 com Angola e Singapura e, já em 2013, com Cabo Verde».

Com efeito, Portugal «tem mantido uma estreita cooperação com os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, quer no plano bilateral, quer integrado em missões, a convite do Fundo Monetário Internacional [FMI] e do Banco Mundial», afirmou Paula Teixeira da Cruz, exemplificando com ações de formação de agentes de investigação criminal e de elementos das unidades de informação financeira ou, juntamente com o FMI e o Banco Mundial, a participação nas avaliações de Cabo Verde, Angola, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, ou a elaboração das novas leis contra o branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo em Angola e São Tomé e Príncipe.

«As recomendações do GAFI de 2012, reconhecidas por mais de 140 países e jurisdições e pelas principais organizações internacionais e regionais, representam o compromisso da comunidade internacional e constituem o instrumento jurídico de referência para o reforço da eficácia e para o fortalecimento da cooperação na prevenção e combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo», referiu a Ministra.

E concluiu: «É necessário, agora, continuar o diálogo interativo entre os Estados, enfrentar o desafio que constitui a implementação do que de novo resulta destas recomendações e aproveitar, no plano nacional, todas as possibilidades que as mesmas nos oferecem».

Tags: justiça, criminalidade, cooperação, lusofonia

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