Assembleia da República, 29 maio 2013
 
2013-05-29 às 13:24

PORTUGAL «PODE ENTRAR NUMA NOVA FASE DA RECUPERAÇÃO»

«O País está agora numa situação em que pode entrar numa nova fase da recuperação, menos baseada nas exportações», dependendo mais «da dinâmica interna e do investimento produtivo», afirmou o Ministro de Estado e das Finanças na Comissão parlamentar Eventual para Acompanhamento das Medidas do Programa de Assistência Financeira, sublinhando que tem «tentado dar grande ênfase» a «estarmos agora no momento do investimento e apresentei um conjunto de iniciativas importantes para promover a recuperação do investimento».

Entre estas medidas, apresentadas no dia 23, destaca-se o crédito fiscal ao investimento, um «gatilho para a recuperação do investimento na segunda metade do ano», especialmente destinado a «que as empresas realizem investimento que já esteja em carteira» mas sobre o qual «estão indecisas quanto ao momento», dizendo-lhes que «o momento do investimento é já».

A aprovação final do sétimo exame do Programa de Assistência Económica e Financeira deverá ocorrer até final de junho, afirmou ainda o Ministro. A sétima avaliação da troika deverá ser discutida a 12 de junho pelo conselho de administração do Fundo Monetário Internacional, e a 20 e 21 de junho nas reuniões do Eurogrupo e Conselho de Ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin).

«Recordo que a aprovação formal dependia do cumprimento» de duas ações prévias - «a publicação das perspectivas orçamentais de médio prazo, e a proposta de medidas de redução de despesa no âmbito do processo de Reforma do Estado» - do sétimo exame regular e da autorização parlamentar de um conjunto de países europeus. «Estes procedimentos nacionais deverão estar concluídos antes da reunião do Eurogrupo de 20 de junho», acrescentou.

«A decisão permitirá o acordo final quanto à extensão das maturidades dos empréstimos oficiais europeus», que «será um passo determinante no processo de ajustamento», contribuindo para «o aumento da credibilidade nos mercados de obrigações internacionais», referiu ainda Vítor Gaspar.

O Ministro das Finanças afirmou que não discutiu «qualquer medida sectorial» com os credores internacionais e que «a troika sabe exactamente o mesmo que o Parlamento», devendo as matérias sectoriais ser «apresentadas no tempo decidido pelo Governo e apresentadas pelos responsáveis sectoriais».

O Ministro de Estado e das Finanças respondeu também a perguntas dos deputados acerca das previsões da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), referindo que estas «refletem um padrão qualitativo semelhante às previsões do Governo, do Banco de Portugal, e da troika: Ou seja, depois de um período de contração económica, é prevista uma recuperação da economia para 2014».

Trata-se de uma revisão das «perspectivas económicas não só para Portugal, como também para outros países», sendo «previsto um enfraquecimento das perspectivas económicas da área do euro», no qual «surge a revisão para Portugal».

Sobre as diferenças ao nível do investimento, o Ministro afirmou que «as previsões da OCDE são efetuadas com base em hipóteses de política nacional. Não foram ainda reflectidas as iniciativas apresentadas publicamente por mim e pelo Ministro da Economia e do Emprego, nomeadamente as medidas financeiras e fiscais», o que «explica as discrepâncias» entres as previsões do Governo e as da OCDE.

Acerca das previsões para o défice e para a divida, «as diferenças são expressivas», refletindo «diferentes hipóteses de política» e não tendo igualmente em conta «as medidas discutidas no sétimo exame regular e que têm reflexo em 2013 e 2014, pelo que o Governo mantém «a previsão de 5,5% em 2013 e 4% em 2014, assim como o máximo de 124% para a dívida pública em 2014, e considera que estes objetivos são atingíveis».

Vítor Gaspar afirmou também que «temos que estar preparados para arcar com as consequências de uma crise que não tem a natureza de uma crise cíclica», pelo que «é necessário assegurar as bases institucionais e políticas para depois do programa», tanto mais que as medidas programadas, designadamente as que respeitam à reforma do IRC, «exigem consenso alargado e a participação do PS».

Tags: programa de assistência económica e financeira, investimento, fisco, mercados