Apresentação do Quarto Exame Trimestral do Programa de Ajustamento Económico para Portugal, 4 junho 2012
 
2012-06-04 às 11:28

PORTUGAL ATINGIU «TODOS OS CRITÉRIOS QUANTITATIVOS E OBJECTIVOS ESTRUTURAIS» DO PROGRAMA DE AJUSTAMENTO

Portugal atingiu «todos os critérios quantitativos e objectivos estruturais» na quarta revisão do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro assinado com a UE, o BCE e o FMI há um ano, afirmou o Ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, na apresentação das conclusões deste quatro exame. O défice de 4,5% do Produto Interno Bruto para 2012 será atingido, segundo as previsões, mas há riscos e incertezas em áreas como a segurança social e a receita fiscal, referiu o Ministro que acrescentou que «as nossas previsões atuais estão em linha com o objetivo para o défice orçamental em 2013», que é de 3% do PIB. «A dívida pública deverá atingir um máximo de 118 % do PIB em 2013, e reduzir-se-á continuadamente anos seguintes», referiu ainda.

O Ministro destacou que «a nossa economia continua a revelar capacidade de ajustamento notável apesar das condições adversas», afirmando contudo que «as perspetivas de evolução para o resto do mundo têm vindo a degradar-se», o que poderá vir a ter impacto nas exportações, e insistindo em que «a estabilidade da área euro como um todo tem importância vital para Portugal». «Neste tempo de incerteza temos que concentrar-nos naquilo que controlamos, que é o nosso trabalho e o nosso esforço».

O Governo põe ênfase simultaneamente «nas medidas para atenuar as consequências a curto prazo do ajustamento económico» e nas medidas de transformação estrutural, tendo referido a redução dos custos excessivos de bens não transacionáveis (como a eletricidade), as alterações à lei da concorrência, à lei do arrendamento e as privatizações para abrir ainda mais a economia portuguesa. Até final de junho será apresentado o quadro de renegociação das parcerias público-privadas e será reforçada a tutela do Ministério das Finanças sobre as empresas públicas, sendo também apresentadas as perspetivas de solução da dívida destas empresas.

Este exame colocou muito destaque nas medidas de financiamento à economia, tendo Vítor Gaspar referido quatro aspetos: o acesso à liquidez disponibilizada pelo BCE; a recapitalização da banca - decisiva para o financiamento da economia -, verificando-se que «o sistema financeiro está mais capitalizado e menos alavancado», e estando em vias o processo de recapitalização da CGD, do BCP e do BCI; a diminuição dos pagamentos em atraso da administração Pública, nomeadamente na saúde e com o Programa de Apoio à Economia Local, acordado com os municípios; e a atenção do Banco de Portugal a que a banca não canalize o crédito para manter empresas falidas, mas para empresas e projectos que possam fazer crescer a economia

O Ministro afirmou também que «nos últimos dois exames não houve discussão de medidas adicionais com a troika».

Acerca do debate sobre maior redução salarial, o Ministro de Estado e das Finanças afirmou que «os custos com o trabalho têm vindo a cair de forma pronunciada», porque quando têm problemas de tesouraria as empresas tendem a reduzir os custos do trabalho, «o que é uma consequência inevitável mas indesejável». O Governo «não tem uma visão baseada em níveis baixos de salários» - «defendemos bons empregos e bons salários» - «mas para chegarmos a esse futuro temos que ser bem sucedidos no processo de ajustamento».

O Governo vai também «avaliar a possibilidade de, no contexto do Orçamento de 2013, efetuar uma redução específica da contribuição para a segurança social pelos empregadores como forma de estimular a criação de emprego», nomeadamente para grupos nos quais o problema se fazer sentir mais. «Naturalmente, a concretização desta iniciativa é condicionada pela existência de espaço orçamental suficiente», afirmou o Ministro.

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