O Ministro da Economia afirmou que «o motor mais difícil de
ativar nesta recuperação económica é o investimento» e disse que
foi sobretudo neste problema que concentrou «uma boa parte das
energias neste primeiro ano de governação no Ministério da
Economia». António Pires de Lima intervinha na abertura da
conferência «Investimento e Empreendedorismo», promovida no Porto
pela Associação Nacional de Jovens Empresários.
Os dados relativos ao investimento são «prudentemente
animadores», pois «o investimento em capital fixo e em bens
reprodutivos industriais cresceu 9% no último trimestre de 2013 e
terá crescido 11,3% no primeiro trimestre de 2014».
«As nossas projecções macroeconómicas para 2014 eram muito
prudentes» referiu Pires de Lima, pois previam um crescimento do
investimento privado, pela primeira vez em 10 anos, de cerca de 2%
ou 3%, mas «a taxa é bastante superior», destacando-se o
investimento privado na produção de bens e serviços
transaccionáveis, que é «a principal arma para criar riqueza e
emprego».
O Ministro afimrou que a questão do investimento está
diretamente relacionada com a do financiamento das empresas
portuguesas, sendo que, a este nível, a realização da união
bancária europeia permitirá «corrigir a deficiência estrutural do
mercado único que estava a condicionar fortissimamente o
desenvolvimento do tecido empresarial português e de outros países
da Europa do Sul».
A criação da nova instituição financeira de fomento «poderá ter
um papel importante», quer na «gestão mais profissional dos fundos
europeus ao dispor das empresas a partir de Setembro», quer no
«desenvolvimento de instrumentos de crédito e de capitalização»
complementarmente à banca comercial.
Pires de Lima alertou para que o desafio de capitalização das
empresas portuguesas «está longe de estar ganho» e representa «uma
mudança cultural muito exigente para os empresários que ainda está
por consolidar em Portugal». A capitalização implica «ou alocar
mais recursos próprios em vez de recorrer tanto ao crédito
bancário, ou abrir espaço no capital das empresas, muitas delas
familiares, a novos investidores».
O Ministro referiu também os «indicadores mais positivos» de
evolução do consumo privado que, em conjugação com o dinamismo das
exportações, «podem colocar a economia portuguesa numa trajectória
de crescimento sólido e sustentado». «A nível do consumo privado,
os indicadores são ligeiramente positivos, o que é importante,
porque 60% da nossa economia vive do consumo privado e é uma ilusão
ter crescimento económico com o consumo privado a cair»,
afirmou.