«A receita para Portugal fazer a retoma económica reside nas
exportações, no consumo privado e no investimento. É esta a
trilogia de sucesso que Portugal quer agarrar», afirmou o Ministro
da Economia, António Pires de Lima, num almoço com empresários
promovido pela Câmara de Comércio Luso Espanhola, em Lisboa.
Acrescentando que «Portugal e Espanha começam, lentamente, a ver
a luz ao fundo do túnel», o Ministro lembrou que estes foram «dois
dos países europeus mais duramente atingidos pela crise».
«Hoje apresentam-se Portugal e Espanha como exemplos de sucesso,
uma espécie de estrelas ascendentes da economia europeia», ou seja,
«passámos de patinhos feios a cisnes elegantes para os
investidores», sublinhou António Pires de Lima.
Exemplificando com a atual credibilidade dos dois países, em
comparação com 2011 (quando Portugal pediu um resgate
internacional), o Ministro referiu ainda: «Isto deve-se ao esforço
das empresas e dos empresários, bem como ao grande esforço
reformista que os Governos - espanhol e português - têm procurado
executar», pelo que «esta condição de estrelas ascendentes é
justa».
Referindo que «a atração do investimento privado permitirá
baixar o desemprego», António Pires de Lima afirmou ainda: «É
necessário que, em sectores que recuperaram e que são apresentados
como campeões desta viragem económica, seja possível partilhar os
crescimentos de rentabilidade destas empresas com os
colaboradores». «As pessoas não são um custo, as pessoas têm um
valor».
E lembrou: «O Governo já deu um sinal neste sentido, depois de o
Primeiro-Ministro ter anunciado que estava em condições para
discutir o tema da atualização do salário mínimo nacional
(SMN)».
Realçando que ainda é elevada a taxa de desemprego (de 15,3%) em
Portugal, o Ministro acrescentou que «o maior serviço à pátria que
os empresários podem fazer é acreditar em Portugal e investir»,
pois «o desemprego é a maior chaga social».
Acerca dos dados das exportações do último trimestre divulgados
pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o Ministro afirmou:
«As exportações estão numa trajetória muito positiva, não há nenhum
motivo para se pensar que não se possa consolidar em 2014». «Também
o consumo privado consolidou, e houve muito boas notícias de
confirmação de investimento em Portugal».
«A recuperação económica depende do sucesso das empresas, mas a
minha maior preocupação não tem tanto a ver com a confirmação do
crescimento económico - que até acho que até vai ficar acima do
esperado -, mas que a recuperação comece a ter repercussões nos
bolsos das pessoas», o que «é importante como elemento de justiça e
de coesão social», acrescentou.
Quanto às condições de financiamento, António Pires de Lima
referiu «a existência de uma Europa que se permite anos a fio a
alimentar uma fragmentação bancária que faz com que as taxas de
juros praticadas para as empresas espanholas ou portuguesas sejam,
em muitos casos, o dobro daquilo que acontece para empresas
semelhantes, só por terem origem na Alemanha ou na Holanda».
E concluiu: «Esta Europa está, em algumas destas áreas, a seguir
um caminho diferente, mas tem estado a dar passos, como é o caso da
união bancária».