A EVOLUÇÃO DA DESPESA DO ESTADO ENTRE 2010 E 2015

A evolução da despesa do Estado

Portugal realizou nos últimos anos o mais profundo ajustamento orçamental da sua história democrática. O sucesso obtido permitiu recuperar a credibilidade internacional, que, tendo sido gravemente comprometida, levou o país à necessidade de recorrer à ajuda externa.

Durante os anos de ajustamento, devido à situação de pré-bancarrota provocada pelo Governo anterior, Portugal teve a necessidade de atuar perante o descontrolo das contas públicas e corrigir as assimetrias que afetavam Portugal.

Não foram anos fáceis. Mas os Portugueses tiveram a capacidade de sacrifício e o mérito de conseguir ultrapassar as dificuldades. Os resultados estão à vista: a economia está a crescer, o desemprego, ainda muito elevado, a baixar e a consolidação orçamental é uma realidade. Portugal está no caminho correto. Os sacrifícios ainda não terminaram e vamos continuar a lutar para manter a nossa Administração Pública sustentável e ao serviço dos cidadãos, fazendo crescer a economia e continuar a baixar o desemprego, gerando mais empregos e melhores salários. Estamos a trabalhar para assegurar o futuro das atuais gerações e com melhor qualidade de vida, preservando o Estado Social.

Com os dados já conhecidos do Orçamento de Estado para 2015, é importante dar a conhecer os números e os factos que permitem esclarecer algumas confusões que por vezes surgem no espaço público. Os anos recentes foram de um extraordinário esforço do Estado e dos Portugueses. Por exemplo, em termos gerais, entre 2010 e 2015 o contributo da despesa para a redução do défice é praticamente o mesmo que o da receita.

Os números estão à vista de todos.

1. Saldo global

Saldo global

O saldo global reduzir-se-á em 2015 para -2,7% do Produto Interno Bruto (PIB), o que traduzirá uma redução de 8,5 pontos percentuais do PIB face a 2010 (cerca de 15 mil milhões de euros em termos nominais) face 2010 (ano que antecede o resgate). A correção acumulada até 2014 é de 6,4 p.p..

Medido em proporção do PIB, o défice em 2015 será inferior a -3%, ou seja, permitirá terminar no prazo previsto o Procedimento por Défices Excessivos aberto contra Portugal em 2009.

Será o primeiro saldo que respeita a norma dos défices do Pacto de Estabilidade e Crescimento desde que Portugal participa na moeda única. De facto, é o primeiro défice abaixo de -3% desde 1989, ou seja, desde há 26 anos.

É o menor défice das últimas quatro décadas.

2. Saldo primário

Saldo primário

A correção ao défice é mais expressiva, se considerarmos o saldo primário (excluindo os juros). 2015 será o terceiro ano consecutivo de excedente primário. O saldo primário ascenderá a 2,2% do PIB, sendo já um factor de peso na redução do nível de endividamento público. A correção, acumulada ao longo de quatro anos, ao saldo primário, em termos nominais, ascenderá a quase 19 mil milhões de euros em 2015, depois de ter sido de mais de 15 mil milhões, em 2014.

3. Juros

Juros

Um dos principais impedimentos a uma maior correção do défice global foi a acentuada subida dos juros, essencialmente concentrada em 2011, em consequência de emissões de dívida a juros crescentemente incomportáveis e do aumento do stock no ano precedente.

Em 2015, o peso orçamental dos juros estabilizará, regredindo até marginalmente quando medido em percentagem do PIB.

4. Despesa pública total

Despesa total

A despesa pública total descerá em 2015 para 47,3% do PIB, ou seja, somará menos 7800 milhões de euros do que no ano que precedeu o início do ajustamento, contribuindo assim em cerca de 50% para a redução do défice orçamental.

5. Despesa primária

Despesa primária

A redução da despesa é mais expressiva quando é considerada apenas a despesa sem juros. Este agregado conhece uma correção acumulada ao longo de quatro anos equivalente a 6,6 p.p., ou cerca de 11 500 milhões de euros.

6. Prestações sociais

Prestações sociais

As prestações sociais aumentaram apesar das fortes restrições orçamentais impostas na sequência do resgate e ajustamento, tendo atingido um pico em valor e em percentagem do PIB no pior ano da recessão.

7. Despesas com pessoal

Défice global

As despesas com pessoal foram consideravelmente reduzidas (mais de 4000 milhões de euros até 2014, cerca de 5000 milhões até 2015), apesar das restrições impostas pelo Tribunal Constitucional. Parte significativa das poupanças foi ganha com o controle de admissões, ao mesmo tempo que o número de funcionários foi reduzido por efeito da aposentação e das rescisões por mútuo acordo.

8. Despesa primária excluindo remunerações

Despesa primária excluindo remunerações

A despesa pública excluindo as remunerações estava em 2013 cerca de 2,5 pontos percentuais abaixo do seu nível em 2010.

Em 2015 estará, em percentagem do PIB, 3,3 pontos abaixo do nível anterior ao processo de ajustamento orçamental. Ou seja, terá uma redução na ordem dos 6511mil milhões de euros nestes cinco anos.

9. Despesas com gabinetes ministeriais

Despesa com pessoal dos gabinetes ministeriais

 

Despesa total com gabinetes ministeriais

O Governo desde o início implementou uma forte contenção ao nível dos gastos com os gabinetes ministeriais. Como se pode observar nos gráficos anteriores, em 2015 a despesa com pessoal cairá 7,5 milhões de euros em relação a 2010. Na totalidade dos gastos com os gabinetes ministeriais, há uma descida de 8,8 milhões de euros em relação a 2010, o que significa uma poupança de 14,5%.

Tags: despesa, administração pública, solidariedade