Assembleia da República, 14 março 2014
 
2014-03-14 às 16:04

«É PRECISO COMPLETAR A REFORMA LABORAL PARA RECUPERAR O FUTURO DAS GERAÇÕES MAIS JOVENS»

«Portugal fez um longo caminho, especialmente nestes dois últimos anos, cumprindo com as metas a que se comprometeu [para com a troika], realizou um conjunto de reformas - para cuja prossecução foi vital o diálogo com os parceiros sociais», afirmou o Ministro da Solidariedade, do Emprego e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, no debate na generalidade sobre as alterações ao Código do Trabalho, na Assembleia da República.

Lembrando que «em 2012, Portugal ganhou com um importantíssimo acordo de concertação social, celebrado em estreito diálogo com os parceiros sociais», o Ministro referiu que «este compromisso originou uma reforma estrutural na legislação do trabalho».

«Portugal tem hoje uma legislação laboral mais amiga da economia, do investimento e do emprego, como - aliás - demonstram os dados mais recentes», acrescentou Pedro Mota Soares: «De acordo com os dados hoje publicados pelo Eurostat, em Portugal, o emprego apresentou um crescimento de 0,5% no 4º trimestre de 2013, relativamente ao mesmo período do ano anterior, o que confronta com a diminuição de 0,5% na zona euro, e uma diminuição de 0,1% na União Europeia» (UE).

No mesmo período, «o emprego no País cresceu 0,7% relativamente ao trimestre anterior, sendo o segundo maior aumento na Europa, quando - tanto na zona euro, como na UE - este crescimento foi de 0,1%», afirmou o Ministro, ressalvando que «mesmo sendo demasiado elevados os números do desemprego, todos sabemos da importância em persistir na tendência decrescente a que temos assistido».

«Hoje, algumas reformas laborais já se vão fazendo sentir», acrescentou Pedro Mota Soares, referindo que «vários indicadores económicos mostram que existe uma tendência de recuperação da economia» e «no último trimestre de 2013, a produtividade real do trabalho registou uma variação homóloga de 1,2%».

Sublinhando que, segundo a atual legislação «mesmo que um trabalhador seja o mais qualificado, aquele que confere maior sustentabilidade à empresa, e que tenha o melhor desempenho, é a regra do 'último a entrar, primeiro a sair' que o prejudica», o Ministro afirmou: «Esta norma não é a mais conveniente porque potencia o desemprego, criando o desemprego jovem que, infelizmente, está nos níveis conhecidos e que tão fortemente o Governo quer diminuir».

Assim, «se queremos recuperar o futuro de gerações, também temos de tratar das suas oportunidades». «A proposta que hoje discutimos passa a incluir cinco critérios (a avaliação de desempenho, as menores habilitações académicas e profissionais, a maior onerosidade do trabalhador para a empresa, a menor experiência na função e a menor antiguidade na empresa), que foram profundamente discutidos com os parceiros sociais e que refletem o seu contributo».

Referindo que estes são «critérios objetivos e densificados», Pedro Mota Soares explicou que «com esta alteração, o empregador passará a estar obrigado a observar a seguinte ordem de critérios de seleção».

Em primeiro lugar, «o critério resultante da avaliação de desempenho, com parâmetros previamente conhecidos pelo trabalhador». Em segundo lugar «e só a aplicar se não houver avaliação de desempenho, o critério baseado na qualificação profissional e académica, que se trata também de ter em consideração a qualificação que o trabalhador foi ganhando a nível profissional».

«Com esta lógica, estaremos não só a promover a motivação e a atualização de conhecimentos e experiências dos que hoje estão a trabalhar, como também a dar maior importância ao esforço e à aposta na capacitação daqueles que se encontram no desemprego».

E concluiu: «É tempo de deixar que o mercado de trabalho, as empresas, os empregadores, tenham tempo para compreender e absorver as mudanças e para lhes dar a utilidade devida. Esta proposta tem o propósito de concluir as reformas feitas».

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