O Ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro
Mota Soares, apresentou o Programa de Emergência Social, afirmando
que «o mais importante hoje é promover direitos e apresentar
medidas que possam minorar o impacto social da crise, que possam
constituir uma «almofada social» que amortece para muitos, as
dificuldades que agora atravessam».
(Só faz fé a versão efectivamente
proferida)
O XIX Governo assumiu no seu programa a prioridade de assegurar
a sustentabilidade das contas públicas, de forma a criar as
condições que originem crescimento económico e promovam a criação
de emprego e bem-estar. Torna-se por isso obrigatório o regresso,
tão breve quanto possível, a uma trajectória sustentável das contas
públicas que dê lastro a uma economia próspera e criadora de
emprego a médio prazo.
Ou seja, rigor e controlo nas finanças do Estado para poder
promover o crescimento económico, a promoção do trabalho, a
produtividade e competitividade e a mobilidade social.
Porém sabemos que isso só será possível no médio prazo e sabemos
que é preciso entretanto encontrar respostas para que os mais
fracos e desprotegidos não fiquem para trás.
Muitas famílias vivem hoje momentos difíceis, enredados nas
teias do desemprego, das falências, do sobreendividamento, da
desestruturação social, da exclusão e da pobreza.
Temos de dizê-lo com realismo, para podermos ter respostas com
realismo.
A pobreza está a alastrar. O risco de cair em situação de
pobreza também.
Na actual conjuntura não é possível optar por caminhos que
diminuam ainda mais os níveis globais de protecção social dos mais
desfavorecidos ou que impliquem um esforço financeiro adicional que
o País não consegue suportar.
É importante termos um modelo de inovação social que possa dar
resposta e auxílio a flagelos e carências sociais graves.
Temos situações de dependência que se arrastam no tempo, e que
agora são potenciadas pela situação de emergência social. Temos de
agir apostando na capacitação e promoção pessoal daqueles que estão
em risco de exclusão. Essa será a forma de reduzir as taxas de
pobreza muito elevadas que temos. A redução das desigualdades
sociais deve começar, por um lado, pelo combate ao abandono escolar
precoce e pela adopção de medidas de apoio à família, pela
distribuição mais justa dos rendimentos e dos sacrifícios, e, por
outro lado, pelo justo reconhecimento do mérito e do esforço de
cada um, alicerçado numa dimensão de promoção e capacitação pessoal
e colectiva.
Mas sabemos que há respostas urgentes que temos de dar, numa
altura em que as dificuldades são maiores.
É por isso que o Governo inscreveu nas suas linhas de acção o
Programa de Emergência Social.
Um programa que identifique as situações de resposta mais
urgente e que seja focado em medidas e soluções.
Um programa assente na promoção e protecção de direitos de
muitos que são os mais excluídos e de muitos que estão numa
situação de tal desigualdade, que se exige uma resposta social
excepcional.
O mais importante hoje é promover direitos e apresentar medidas
que possam minorar o impacto social da crise, que possam constituir
uma «almofada social» que amortece para muitos, as dificuldades que
agora atravessam.
Para que programa funcione é essencial garantir a sua
simplicidade, e é essencial garantir a sua contratualização.
Na verdade a mobilização de esforços e recursos que temos de
fazer em torno do Programa será tanto mais conseguida quanto mais
simples e directos forem os projectos.
Por sua vez a efectivação de uma rede nacional de solidariedade
vai ter de contar com todos. Apostamos na proximidade e na
experiencia - elegemos as autarquias como ponto focal e temos a
humildade de pedir ajuda às instituições que em permanência
garantem uma resposta social: as IPSSs, as Misericórdias e as
Mutualidades.
São estas as entidades que melhor podem contribuir para acudir
às situações de emergência social que não param de crescer.
A sinalização das situações mais graves deverá ser feita através
das estruturas escolares, através das redes da área da saúde,
através das câmaras municipais e juntas de freguesia, através das
forças de segurança e, claro está, através da rede de instituições
sociais, que constituem a «linha da frente» da resposta social que
hoje o país tem.
O Programa de Emergência Social começará a ser aplicado já este
ano e deverá vigorar, pelo menos, até Dezembro de 2014 e será
sujeito a uma avaliação semestral.
Queremos assentar o programa em 3 regras;
- Não vamos gastar em burocracia, vamos investir nas pessoas.
Não vamos criar novas estruturas, vamos rentabilizar as que
temos.
- Não é um programa retórico, é um programa focado e de soluções
para grupos de risco.
É um programa em crescendo, que começa hoje, daqui a 6 meses vai
ter uma 1.ª avaliação, e daqui a um ano terá a 2.ª etapa. Pode por
isso ter sempre novas medidas e soluções.
- É um programa que não significa mais Estado, significa sim
mais IPSSs e melhor política social.
Nalguns casos investiremos mais, noutros investiremos melhor.
Também é possível, a partir das verbas já inscritas não gastar
mais, mas gastar melhor. Num primeiro ano, estimamos alocar cerca
de 400 milhões de euros a este programa.
Como diz o provérbio chinês, nuns casos damos o peixe, nos
outros ensinamos a pescar.
Estimamos, com este programa chegar a cerca 3 milhões de pessoas
em 5 áreas essenciais de actuação:
A - Um programa que possa responder às famílias confrontadas com
os novos fenómenos de pobreza, fruto do desemprego, do sobre
endividamento, da desestruturação social e familiar e muito
especialmente às crianças.
- Majoração do Subsidio de desemprego para os casais com filhos
e em que ambos os membros do agregado se encontram no
desemprego
São já alguns milhares os casais, com filhos menores a cargo, em
que todos os activos do agregado familiar estão no desemprego. Ora
se já é difícil gerir um orçamento familiar quando uma pessoa está
no desemprego, um Governo com consciência social deve perceber que
é ainda mais difícil gerir um orçamento familiar quando não há um
único posto de trabalho. É justo que a essas situações se acuda em
primeiro e se dê um pouco mais. Avançaremos por isso -mesmo num
quadro de introdução de limites gerais e temporais na atribuição do
subsídio de desemprego, que visam incentivar à procura activa de
trabalho - para uma majoração do subsídio de desemprego dos casais
com filhos a cargo.
São cerca de 5 000 casais que se encontram nesta situação de
franco aperto a quem se justifica poder dar um pouco mais.
São pessoas que sentem a dificuldade de gerir um orçamento
familiar numa época de dificuldades e a quem o Estado deve procurar
atribuir, dentro dos recursos disponíveis, um pouco mais.
Essa majoração, transitória no contexto da crise, deve ser de
cerca de 10% para cada um dos beneficiários.
- Programa Nacional de Micro-Crédito
A política social do governo passa por dar capacidades às
pessoas para lançarem os seus próprios projectos e criarem o seu
próprio emprego. Respostas estruturantes, capazes de dotar aqueles
que hoje passam mais dificuldades de ferramentas e meios para
ultrapassar as adversidades, são as que procuramos. Promover a
empregabilidade, dinamizando a economia, fomentando o
empreendedorismo, ao mesmo tempo que combatemos a exclusão social é
um objectivo claro que pretendemos alcançar com o programa de
micro-crédito.
Apoiar o empreendedorismo, dinamizando a criação do próprio
emprego, ajudar ao regresso de desempregados ao mercado de
trabalho, através de programas de microcrédito, vais ser uma aposta
forte do Programa de Emergência Social.
- Trabalho activo e solidário
Reconhecendo as dificuldades de empregabilidade de muitos
portugueses a quem, pela sua idade, é negada uma oportunidade,
queremos dar uma resposta.
Os números do desemprego são claros. Muitos portugueses,
especialmente mulheres, a partir dos 45 anos não conseguem
encontrar um posto de trabalho. Faz sentido ter respostas
específicas para as pessoas a partir desta idade. Queremos baixar,
em conjugação com a tutela do emprego, para 45 anos a idade
preferencial de acesso aos programas de trabalho activo e
solidário.
Não nos podemos também esquecer daquelas a quem é sempre mais
difícil entrar ou regressar ao mercado de trabalho. Desempregados
de longa duração, pessoas com deficiência ou incapacidades estarão
também no centro destas medidas.
Vamos, com IPSS, Misericórdias, Mutualidades e outras
instituições que desempenham funções sociais, desenvolver programas
de trabalho activo e solidário, que permitam aos beneficiários
manter-se no mercado de trabalho, desempenhando funções que
satisfaçam necessidades socialmente úteis. Queremos também estudar
a possibilidade de alargar o desempenho destas funções ao sector
empresarial.
- Formação para a inclusão
Há que quebrar o ciclo da exclusão, reforçando as componentes
pessoais, sociais e profissionais de grupos excluídos ou
socialmente desfavorecidos. Há que fazê-los voltar a acreditar,
para que dêem a volta e mostrem que é por esta via que criamos uma
inclusão sustentável.
Por via da subsidiação não acreditamos que isso seja possível ou
tão perene. É por isso que vamos apostar na formação para aqueles
que hoje são vítimas de exclusão, reorientando as verbas e
programas existentes nos quadros comunitários, já no segundo
semestre de 2011.
- Incentivar a prestação de trabalho socialmente necessário
As prestações sociais atribuídas a adultos em idade activa,
devem fomentar sempre a procura activa de trabalho. Não queremos
que as prestações sociais se transformem numa forma de assistência
permanente.
A sociedade portuguesa, que é humanista e generosa quer
respostas efectivas aos que são mais pobres e acima de tudo quer
garantir a todos uma oportunidade baseada no valor do trabalho e
não quer que o dinheiro dos seus impostos seja permeável à fraude e
ao abuso.
Vamos incentivar a prestação de trabalho socialmente necessário
para os beneficiários de algumas prestações sociais, v.g. do
Rendimento Social de Inserção, para que possam prestar uma
«actividade socialmente útil em entidades públicas ou do sector
social», garantindo assim a manutenção de hábitos de trabalho, o
que terá um efeito multiplicador ao nível das instituições. Tal
permitirá apoiar alguns custos operacionais destas entidades,
assegurando um acréscimo de recursos afecto ao essencial da
actividade. O trabalho socialmente necessário está na lei. É
importante assegurar que existe na prática.
- Garantir a distribuição de refeições a quem não as consegue
prover - Aumentar a resposta às situações de fome.
Temos de dar uma resposta a quem não consegue ter para si, ou
para a sua família, duas refeições diárias. Temos de aumentar a
resposta às situações de fome. Queremos permitir que mais
instituições possam distribuir refeições a quem delas necessite,
articulando a rede de cozinhas e cantinas existentes nos
equipamentos sociais ao longo de todo o país. A segurança social
tem sido demasiado restritiva em relação à possibilidade das IPSSs,
que conhecem as pessoas no terreno, servirem mais refeições. Nós
daremos a orientação, sem prescindir da segurança e rigor, para
serem mais flexíveis. Essencial é garantir às famílias o acesso a
refeições. Para que esta resposta seja efectiva, é importante
garantir que estas refeições possam ser consumidas, não só como
tradicionalmente no local, mas também que possam ser levantadas
pelas famílias para poderem ser consumidas em casa.
- Assegurar a doação e distribuição de alimentos e refeições -
combater o desperdício.
Não faz sentido que a distribuição gratuita de alimentos fora da
rede de estabelecimentos de restauração seja muitas vezes travada
por restrições legais ou burocráticas. Queremos remover as
dificuldades que restringem estas doações e distribuição de
alimentos, sem afectar a segurança alimentar, e será promovida uma
articulação entre as instituições doadoras, as IPSS, a ASAE e as
Finanças nesse sentido. Faz sentido potenciar as experiências
positivas que aconteceram, removendo os escolhos que ainda se
verificam.
O sector primário, além de fundamental ao sucesso deste país, é
por si, extremamente solidário. Mas tem de ser auxiliado por
desimpedimento legal e burocrático para conseguir fazer o
reencaminhamento dos seus excedentes alimentares, ou fora dos
padrões de comercialização.
Se esta prática, de encaminhar hortofrutícolas para IPSSs, já
existe, tem de ser generalizada e adequada, por articulação, para
aqueles que no momento mais necessitem. Não queremos substituir-nos
às instituições que já estão no terreno e que desempenham bem o seu
papel. Mas podemos ajudar mais empresas a contribuir.
Importa tentar também, junto da grande distribuição, apoiando
estruturas actualmente existentes, que haja reencaminhamento dos
produtos com data preferencial de consumo para IPSS em vez de os
retirarem do mercado.
- Mercado Social de arrendamento - colocar casas para arrendar
abaixo dos preços de mercado
Baseado no exemplo já testado no terreno pela Câmara Municipal
de Gaia e que foi criado pela mão do actual Secretário de Estado da
Solidariedade e Segurança Social, Marco António Costa, queremos
dinamizar o mercado social de arrendamento, criando para isso
parcerias que envolvam o Governo, a ANMP e Bancos que venham a
aderir.
Em momentos de contenção orçamental do Estado, das autarquias e
das famílias, são fundamentais boas ideias que rentabilizem
recursos úteis a todos.
Este modelo de mercado social de arrendamento que pretendemos
desenvolver compreende a utilização de casas desocupadas para
integração no mercado de arrendamento a preços inferiores aos do
mercado tradicional permitindo satisfazer necessidades básicas de
habitação dos agregados familiares, alguns em situação de
emergência social, e outras em situação de sobreendividamento que é
importante contrariar.
Mas serve também, simultaneamente, para permitir que as
autarquias, sem aumentarem o seu nível de endividamento,
desenvolvam os seus programas municipais de habitação. Esta medida
visa apoiar famílias, que pelos seus níveis de rendimento estão
excluídas habitação social, mas que não conseguem suportar os
preços do mercado de arrendamento.
Temos uma expectativa inicial de conseguir, numa primeira
parceria cerca de 1 000 casas disponíveis de Norte a Sul, em 100
concelhos e cobrindo cerca de 30% do território nacional, com a
possibilidade de poder ser alargado, através da presença de outras
instituições.
Ajudar as famílias nas suas despesas de habitação e contrariar o
sobreendividamento são dois pontos essenciais desta medida.
- Programa de literacia financeira
O sobreendividamento das famílias, a par do desemprego, são duas
das causas que mais contribuem para os novos fenómenos de exclusão.
É por isso que é tão importante não só combater a pobreza, como
trabalhar para evitar que as famílias possam cair em situações de
pobreza. Queremos estabelecer e potenciar, nas escolas e em
articulação instituições financeiras, com parceiros sociais,
autarquias locais, e instituições sociais, programas e protocolos
que alertam as famílias para os riscos do sobreendividamento e da
importância da sensibilização para a poupança, para o valor do
dinheiro, o crédito responsável e para o investimento. É partir da
escola que temos de ensinar a organizar da melhor forma as finanças
pessoais.
- Reforço de escolas em bairros problemáticos TEIP
Como ferramenta no combate à exclusão social e escolar, na
ruptura do ciclo de exclusão e na promoção do espírito de
solidariedade, julgamos importante manter a aposta nos territórios
educativos de intervenção prioritária (TEIPs) e nos seus projectos
educativos.
Temos de garantir uma oportunidade às crianças dos bairros mais
difíceis de acederem à educação.
Fenómenos promotores de exclusão como o abandono escolar, o
absentismo, a indisciplina, e o insucesso escolar, podem por esta
via ser combatidos.
Nessa lógica, uma vez que a verba actual está já totalmente
comprometida, tal como já foi anunciado pelo Ministério da
educação, vamos reforçá-la, permitindo apoiar os custos com pessoal
contratado a afectar a estes projectos e para novas actividades
elegíveis.
Numa altura de emergência não podemos deixar de apoiar a
educação nos bairros mais problemáticos.
- Bolsas ensino superior
Assumindo a importância para muitos estudantes de agregados com
rendimentos reduzidos da manutenção das bolsas de estudo, o
Governo, através do Ministério da Educação, já iniciou o
desbloqueamento das verbas do POPH, de forma a garantir a
manutenção deste apoio para cerca de 60 000 alunos.
- Manuais escolares para jovens que frequentem cursos de
aprendizagem, cursos profissionais, cursos de educação e formação
de jovens e de especialização tecnológica.
Ao fazermos este programa temos noção de que a grande maioria de
respostas que queremos dar são de carácter urgente e localizado no
tempo. Assim se espera.
Mas temos também, como já o disse várias vezes, de pensar na
sustentabilidade e na ruptura do ciclo de exclusão. E nesse
sentido, a educação é, sempre, uma área fundamental.
Razão pela qual pretendemos comparticipar a aquisição de manuais
escolares para jovens que frequentem cursos de aprendizagem, cursos
profissionais, cursos de educação e formação de jovens e de
especialização tecnológica.
Não é por acaso que apostamos fundamentalmente nestes cursos:
primeiro porque outros já recebem apoio social escolar, segundo
porque nestes existe uma premência e vocação directa para a
empregabilidade e inclusão social, que o PES pretende justamente
atingir.
- Tarifas sociais Transportes
Tal como já foi anunciado pelo Sr. Ministro da Economia, será
instituída, a partir de Setembro, uma tarifa social no preço dos
transportes públicos. Esta medida visa ajudar as famílias com
recursos mais baixos nas suas despesas com transportes. O passe
social passará a ter uma verdadeira natureza social - apoiar quem
tem menores recursos - e não ser atribuído de igual forma a quem
tem rendimentos elevados ou muito baixos.
- Tarifas Sociais Gás e Electricidade.
Tal como já foi anunciado pelo Sr. Ministro da Economia e será
detalhado a breve trecho, o Governo vai estender a 700 000 famílias
no mercado de electricidade, e a 150 000 famílias no mercado do
gás, as tarifas sociais, mitigando o aumento dos preços nos casos
em que os recursos disponíveis são menores.
- Linha de emergência social
Vamos reformular a linha telefónica de emergência social, no
âmbito do Programa de emergência Social, procurando adaptá-la à
nova contingência da pobreza e aos novos fenómenos de exclusão,
garantido uma resposta mais célere e podendo ajudar identificar as
respostas sociais no terreno.
No âmbito do Programa de Emergência Social queremos que esta
linha possa servir como ponto de apoio, de informação e resolução
das dificuldades dos seus utilizadores.
- Crianças em risco
A crise social, associada à desestruturação familiar, tem
efeitos mais duros nas crianças. Vamos, em conjugação com as
Comissões de Protecção de Crianças e Jovens apostar ao nível da
prevenção primária e secundária, aumentando a sinalização dos casos
de risco e não pondo em causa o princípio da subsidiariedade.
B - Um programa que possa responder os mais idosos, com
rendimentos muito degradados e consumos de saúde muito
elevados.
- Manutenção do poder de compra das pensões mínimas, rurais e
sociais.
Não nos esquecemos dos mais pobres, nomeadamente os que não
puderam contribuir para sistemas sociais que ainda não existiam ou
não lhes davam cobertura, mas que com o seu esforço e trabalho
foram responsáveis pela construção de um estado de bem-estar e de
protecção social.
Estamos a falar de pensões mínimas, rurais e sociais, no valor
de 247 euros, 227 euros e 189 euros respectivamente, que em 2011
foram congeladas assistindo-se a uma diminuição real do poder de
compra destes pensionistas.
Não é possível pedir, a quem já tem tão pouco, que dê ainda mais
para o esforço que o País exige.
São hoje cerca de um milhão de portugueses, que em 2011 viram o
seu poder de compra ser congelado e para quem em 2012, o Governo
assume o descongelamento das pensões.
- Banco de Medicamentos - combater o desperdício de medicamentos
que nunca entraram no circuito comercial.
Reconhecendo as dificuldades no acesso dos mais idosos aos
cuidados de saúde, queremos permitir a distribuição de
medicamentos, que nunca estiveram no circuito comercial, através
das capacidades já existentes nas instituições sociais. Para isso
promoveremos que os medicamentos existentes na indústria
farmacêutica - e que por causa das regras legais 6 meses antes do
seu prazo de validade já não podem entrar no circuito comercial -
possam ser utilizados pelos mais idosos, garantindo a sua
distribuição através dos locais próprios e credenciados nas
instituições sociais, com salvaguarda das regras legais de
segurança. Trata-se de combater o desperdício de medicamentos em
perfeitas condições terapêuticas e de segurança, permitindo a
idosos e às instituições o acesso a medicamentos de que de outra
forma se veriam privados. É a isso que chamamos o Banco de
Medicamentos.
Numa altura em que muitos idosos não conseguem suportar as suas
despesas com medicamentos temos de ter a coragem de terminar o
desperdício. A alternativa à doação destes medicamentos - a 6 meses
do término do seu prazo de validade - seria a sua destruição. Temos
de aproveitar a boa vontade, aliada á capacidade instalada das
redes sociais existentes no país, para aproveitar estes remédios e
acabar com o desperdício.
Procuraremos, apelando à responsabilidade social das empresas do
sector, e garantindo sempre a fiscalização destas medidas, alargar
a oferta de medicamentos para além dos casos dos que estão a 6
meses do seu prazo de validade.
Estimamos poder, numa fase inicial, assegurar a distribuição de
30 000 a 35 000 embalagens
- Banco farmacêutico
Recolhendo as boas experiencias já existentes, queremos alargar
os programas de banco farmacêutico, que permitem a recolha de
medicamentos novos, que não entraram no circuito comercial e que
constituem donativos individuais recolhidos nas farmácias. Estes
medicamentos, não sujeitos a receita médica, devem depois ser
entregues a instituições sociais, que os distribuem junto dos seus
utentes.
- Farmácias com responsabilidade Social
Este é mais um projecto com provas dadas. Um projecto
experimentado no terreno, dinamizado pela amara Municipal de
Cascais e envolvendo Instituições de solidariedade Social e
Farmácias.
É nossa obrigação pegar no que de melhor se faz pelo país e
dar-lhe expressão nacional e nesse sentido queremos celebrar com
representantes das farmácias, representantes do poder local e
instituições sociais a concretização de um projecto com
participação do poder autárquico e das IPSSs locais que permitam às
pessoas mais carenciadas serem beneficiadas pela farmácia solidária
com medicamentos dentro de umplafondacordado com cada um dos
estabelecimentos.
Mais uma vez reconhecemos serem as IPSS quem melhor conhece o
terreno, os Municípios quem melhor pode auxiliar na concretização
de certas medidas de proximidade e cada um de nós, com a sua
contribuição, a chegar a quem mais precisa.
- Apoio Domiciliário - aumentar e melhorar a resposta.
É urgente preparar o país para uma nova geração de políticas
sociais das quais o reforço do apoio domiciliário é essencial.
Portugal não pode ter, como oferta exclusiva para os mais idosos, a
institucionalização em lares residenciais. É essencial garantir às
pessoas mais idosas condições para se manterem, com segurança e
conforto, nas suas casas. O apoio domiciliário é uma resposta nesse
sentido. Temos de alargar a rede de serviços básicos - alimentação,
higiene pessoal, higiene da habitação e tratamento da roupa - dando
resposta aos mais idosos que muitas vezes até podem prover algumas
dos serviços actualmente fornecidos, mas que certamente precisam de
outros, como pequenas obras na habitação, companhia e combate à
solidão, ajuda na sua relação com a burocracia do Estado ou até
simplesmente serviços de melhoramento da auto-estima. Hoje faz todo
o sentido alargar a rede de serviços fornecidos pelo Apoio
Domiciliário garantindo novas respostas e dando às pessoas
condições reais de se manterem nas suas casas, em vez de as
institucionalizar em lares ou centros de dia. É preciso, no campo
das políticas sociais, ter soluções inovadoras e diferentes, que
garantam que Portugal não se transforma, no que concerne à política
de acção social com os mais idosos, num país de lares.
Temos de apostar no regresso às redes solidárias de vizinhança,
que humanizam as nossas comunidades.
Queremos ainda que o apoio domiciliário possa dar novas
respostas, não só aos mais idosos, mas também a famílias com
dependentes a cargo ou mesmo a situações não permanentes como por
exemplo a doença ou situações de rotura familiar.
- TeleAlarmes e Linha Solidária
Também com esta finalidade, faz sentido, acolhendo as
experiencias piloto que já existem, vamos alargar a pelo menos 10
locais diferentes do País, linhas dedicadas de apoio aos mais
idosos que permanecem nas suas casas, aumentando o seu sentimento
de segurança e garantindo uma resposta às situações de urgência
social ou de combate à solidão. Em conjunto com empresas nacionais
que têm vindo a desenvolver tecnologias próprias de comunicações,
queremos desenvolver produtos e respostas especificamente dirigidas
aos mais idosos que preferem permanecer em suas casas,
garantindo-lhes as condições de segurança e conforto nessa mesma
opção. Queremos encontrar, não só os instrumentos de comunicação,
mas também os recursos humanos que assegurem uma resposta pronta,
quer para o combate à solidão, quer para a resposta social de
emergência. Para isso avançaremos, no âmbito das experiencias
piloto, com uma Linha Solidária, que responda e promova o contacto
com estes idosos.
- Centros de Noite - Promover respostas inovadoras
Na linha de garantir que Portugal não se torna um país de lares,
em que a resposta estrutural para os mais idosos é a sua
institucionalização, temos de criar respostas inovadoras, assentes
em estruturas mais «leves», que não estejam sujeitas a uma enorme
carga burocrática, e que lhes seja permitido permanecer na sua
própria habitação. Queremos para isso criar respostas de centro de
noite, em que os idosos possam estar durante o dia em suas casas, e
que no período da noite possam fazer uma refeição e pernoitar no
centro de noite.
- Sinalização das situações de isolamento PSP/GNR
Queremos fortalecer o sentimento e a percepção de segurança dos
idosos que optam por permanecer em suas casas. Em muitos sítios do
País, há casos de idosos isolados, que tendo condições para
permanecer em suas casas, não o fazem por sentimento de
insegurança. Queremos, em conjunção dos serviços de Segurança
Social e do Ministério da Administração Interna sinalizar estas
situações e encontrar respostas preventivas que permitam aos mais
idosos a permanecia em suas casas.
- Melhorar o acesso dos idosos à saúde
Queremos, através dos serviços da segurança social e em
colaboração com as instituições sociais e os serviços de saúde
identificar e acompanhar os casos dos mais idosos em que a maior
exclusão significa maiores dificuldades no acesso à saúde, quer nas
demoras em cirurgias, quer nas demoras nas consultas.
- Cuidados Continuados
Para desenvolver uma acção consistente no combate ao desperdício
na área social torna-se decisivo existir uma eficaz coordenação
entre o sector da saúde e da segurança social. Há muitos aspectos
que necessitam de uma orientação comum, de forma a articular
políticas e acções entre hospitais e, por exemplo, instituições que
tratam de cuidados continuados ou paliativos. Com a evolução
demográfica e o aumento das doenças associadas à velhice, este tipo
de coordenação é ainda mais indispensável. No combate à pobreza e
no reforço da coesão social teremos de conseguir altos níveis de
eficiência, com elevada qualidade e menores custos, bem como
promover a criação de emprego no sector.
C - A inclusão da pessoa com deficiência é uma tarefa
transversal. No entanto, no âmbito do Programa de Emergência
Social, para além dos já citados programas de inserção profissional
e apoios à criação do auto-emprego, é importante destacar ais
alguns aspectos ligados à área das pessoas com deficiência.
- Empregabilidade das pessoas com deficiência.
A inclusão tem de ser um exemplo para que possa ser real e
total. Queremos por isso, e de uma forma transversal em todos os
programas já enunciados, sejam eles linhas de crédito, alterações
que promovem a resposta e a sustentabilidade financeira das
instituições, soluções inovadoras, ou acções de formação pensar
sempre nas pessoas com deficiência e na sua empregabilidade. Isto é
uma prioridade e a única forma possível de alcançarmos uma
manifesta e total inclusão.
- Manutenção de professores destacados em IPSS
Conscientes da importância de um trabalho de continuidade junto
de pessoas com deficiência; sabendo dos alicerces que se propõem a
construir e que serão mais fortes quanto maior for a afectividade
que se vier a estabelecer entre educando com deficiência e
professor, o ministério da educação já anunciou a manutenção de
professores destacados em IPSS.
- Programa Rampa
Portugal apresenta indicadores elevados de esperança de vida,
que inevitavelmente representam um número crescente de pessoas com
mobilidade reduzida. Se a estes valores somarmos todas as pessoas
com deficiência ou incapacidades, ainda que momentâneas, teremos um
grupo bastante alargado para quem a restante sociedade, ao criar
barreiras urbanísticas, arquitectónicas ou de comunicação, é pouco
inclusiva.
É, pois, importante contar com um programa como o Rampa que
permite a sensibilização e formação nestas matérias, e que promove
a elaboração de planos municipais, locais ou sectoriais com acções
concretas na eliminação das barreiras. Um programa que já foi um
sucesso no passado recente, com cerca de 100 autarquias candidatas,
e que pretendemos englobar no PES para ressalvar a importância que
tem e por tanto existir ainda por fazer.
Há pois que permitir que os municípios portugueses que ainda não
tiveram oportunidade de elaborar planos Rampa possam tê-la através
de novas candidaturas para estes programas. E em simultâneo
desenvolver mecanismos para a sua execução imediata.
- Descanso do Cuidador
Ampliar a cobertura da medida «Descanso do Cuidador» permitindo
que possam beneficiar igualmente de apoio, através das respostas
sociais existentes (Respostas residenciais, Apoio Domiciliário), os
cuidadores e famílias com pessoas com deficiência e outros
dependentes ou doentes a cargo, com necessidade de apoio 24 horas,
mesmo que estes não careçam de cuidados de saúde
O Descanso do Cuidador criado no âmbito da Rede Nacional de
Cuidados Continuados Integrados possibilita o internamento, em
situações temporárias, decorrentes de dificuldades de apoio
familiar ou necessidade de descanso do principal cuidador.
Tendo como ponto de referência a vontade das famílias em
cuidarem e manterem os seus familiares junto de si, a modalidade do
Descanso do Cuidador apresenta-se como uma oportunidade de
descansarem, permitindo ainda não descurarem a sua própria saúde
física e mental, determinante no cuidado ao outro.
Assim sendo, foi a pensar nas necessidades pessoais do cuidador
principal, tais como a necessidade de descanso pessoal (férias),
questões de saúde, por exemplo situações em que o cuidador
principal precise de programar e ser submetido a uma intervenção
cirúrgica, exames ou tratamentos médicos, que surgiu a modalidade
do Descanso do Cuidador, no âmbito da RNCCI, possibilitando que
neste período o seu familiar disponha dos cuidados de saúde e de
apoio social adequados numa das vagas disponíveis para o
internamento do mesmo.
D - Numa altura de emergência é preciso reconhecer, incentivar e
promover o voluntariado.
- Mudar a lei do Lei do Voluntariado
O voluntariado é um dos principais pilares da Economia Social
mas importa adequar a legislação que enquadra esta actividade às
novas realidades. Chegou o tempo de repensar na revisão do
enquadramento legal do voluntariado. É fundamental criar incentivos
ao voluntariado na área social, com a valorização do respectivo
tempo de apoio para efeitos de benefícios laborais e sociais, tais
como bancos de horas nas empresas ou prioridade no acesso a
programas de educação e formação, instituindo Bancos de
Voluntariado online, e assegurar a promoção do voluntariado através
do sistema de educação.
- Colocar as horas de voluntariado nos certificados
escolares
Conjuntamente com o Ministério da Educação queremos capacitar e
divulgar junto dos mais jovens a importância do voluntariado. Para
isso avançaremos com a criação de um complemento ao diploma do
secundário onde constem, como mais-valia, as actividades
extra-curriculares que possam ser tidas em conta para a sua
formação cívica e social.
- Incentivar o Voluntariado nos mais Jovens - Baixar idade do
Seguro Social Voluntário e valorizar o voluntariado dos
estudantes
A actividade voluntária é uma demonstração clara do exercício de
uma cidadania activa que importa transmitir aos jovens. O interesse
pelo desenvolvimento de actividades tem vindo a crescer junto dos
jovens e importa dar um sinal de reconhecimento do papel que os
jovens podem ter. Pretendemos assim que, ao alterar a Lei 71/98 se
assuma também nesta matéria uma visão mais ousada fixando nos 16
anos a idade a partir da qual é permitida a contratação do seguro
social voluntário.
- Programas de responsabilidade Social da Administração
Pública
A responsabilidade social é um dos três pilares do
desenvolvimento sustentável. Cada vez mais as estruturas
empregadoras reconhecem a importância da promoção de acções de
responsabilidade social, quer ao nível do contributo que dão às
comunidades locais, quer ao nível da consolidação dos seus próprios
recursos humanos. Hoje já existem boas experiências de acções de
voluntariado e de responsabilidade social na administração pública.
Queremos promover, ao nível da administração do Estado, um programa
nacional de responsabilidade social e promoção do voluntariado para
trabalhadores em funções públicas, envolvendo os serviços e os
representantes dos trabalhadores.
Queremos também, a partir de experiências já existentes, estudar
a possibilidade de consagrar «bancos de horas sociais», em que a
trabalhadores em funções públicas seja permitido o desempenho de
tarefas de voluntariado.
E - Acreditar nas instituições sociais e contratualizar
respostas. As instituições sociais existem para ajudar os outros e
é chegada a altura do Governo, com humildade, lhes pedir ajuda. Não
para si, mas para os que sofrem, os que pouco ou nada têm, os que
foram confrontados com a exclusão do desemprego. Não faz sentido
que o Estado construa estruturas próprias em locais onde já há
respostas sociais; faz sim sentido que o Estado utilize ao máximo
as estruturas que já estão no terreno e que simplifique as suas
regras de utilização.
- Simplificar a legislação das creches
A rede de creches cresceu e crescerá nos próximos anos, mas
mesmo assim sabemos que ainda é insuficiente para assegurar
respostas a toda a procura, especialmente nos centros urbanos. As
estruturas familiares e as estruturas sócio-demográficas têm vindo
a alterar-se substancialmente, sendo evidente a quebra na rede de
apoio familiar e de vizinhança.
Estas alterações têm provocado mudanças no exercício das funções
familiares, levando à procura de soluções complementares para os
cuidados de crianças fora do espaço familiar.
As creches assumem assim um papel determinante para a efectiva
conciliação entre a vida familiar e profissional das famílias,
proporcionando à criança um espaço de socialização e de
desenvolvimento integral.
Vamos promover uma alteração que aproveite ao máximo a
capacidade instalada nas creches, em condições de segurança,
permitindo que se estabeleçam condições de funcionamento e
instalação, por forma a que se possam acolher mais crianças e
aumentar o número de vagas.
Proporemos aumentar de 8 para 10 o número de vagas para crianças
nas salas até à aquisição de marcha; de 10 para 14 nas crianças
entre a aquisição de marcha e os 24 meses e de 15 para 18 nas
crianças entre os 24 e os 36 meses.
- Simplificar a Legislação dos Lares
Assumimos a importância da simplificação dos processos legais e
burocráticos relativos às instituições sociais de forma a permitir
não só a máxima utilização das capacidades instaladas mas também
encontrar estratégias para assegurar a sua sustentabilidade. Este
compromisso de simplificação e adequação à realidade nacional
implicará alterações a vários diplomas cuja análise está já em
curso e que será concretizada em conjunto com as instituições até
ao final do ano.
Não faz sentido ter equipamentos fechados, ter equipamentos por
licenciar, só por causa do cumprimento de regras e procedimentos
burocráticos muitas vezes excessivos.
Pretende-se alterar e clarificar a legislação e os guiões
técnicos das respostas residenciais para idosos adaptando-os à
realidade nacional e a um cenário de contenção orçamental,
garantindo um aumento do número de vagas em condições de qualidade
e segurança.
- Revisão da legislação de licenciamento de equipamentos
Sociais
Queremos, a breve trecho, aprofundar princípios de simplificação
e agilização do regime de licenciamento das respostas sociais,
revendo as actuais regras do Decreto-Lei n.º 64/2007, de forma a
que instituições não possam ser prejudicadas pela ausência de
respostas dos serviços públicos.
Simplificando, desburocratizando, facilitando a vida a quem
responde, a quem está no terreno, a quem ajuda, estaremos a
aumentar a sustentabilidade dessas instituições. E ao fazê-lo,
estaremos a fortalecer o terceiro sector, o sector social, dando
condições para que, como já vai fazendo, estimule a economia local,
crie emprego e dinamize o interior onde muitas vezes é dos poucos
agentes dinâmicos.
- Simplificação das regras da segurança e higiene alimentar nas
cozinhas das instituições sociais (à semelhança do que já se faz
para micro e pequenas empresas)
A maioria das instituições de solidariedade social dispõe de
cozinhas próprias e tem até esta data aplicado os princípios gerais
para a segurança alimentar (HACCP). São princípios demasiado
exaustivos e rígidos para a sua natureza e serviço que prestam à
comunidade.
Há que ajudar aqueles que ajudam.
Assim, queremos que as IPSS e outras entidades de solidariedade
social equiparadas passem a ter a possibilidade recorrer a uma
metodologia simplificada mas não menos eficiente.
À semelhança do que já sucede com as micro e pequenas empresas,
queremos alargar os procedimentos simplificados às cozinhas das
instituições sociais (metodologia CHAC ou 4Cs).
Não faz sentido ser mais rigoroso com instituições sociais, do
que se é com instituições comerciais.
Esta metodologia permite a aplicação dos princípios de uma forma
mais simples e flexível, de modo a que seja possível a sua fácil
implementação, através do autocontrolo, e salvaguardar a saúde
pública e a qualidade dos alimentos.
Desta forma diminui-se a burocracia e aliviam-se os custos para
as instituições.
- Formação de Formadores para estas novas regras.
Queremos estabelecer um protocolo com os representantes das
instituições sociais e com os serviços competentes do Estado para
formar formadores nestas novas regras de higiene e segurança
alimentar.
Também o apoio será fortalecido neste aspecto através da
formação de formadores em segurança alimentar, acção da
responsabilidade da ASAE, para que estas instituições aumentem a
autonomia na implementação e cumprimento dos procedimentos
simplificados. Queremos formar inicialmente, pelo menos 100
formadores, de acordo com o novo regime mais simples a que as
instituições estarão sujeitas.
- Aumentar a comparticipação do QREN de 75% para 85% nas zonas
de convergência.
O terceiro sector tem um papel absolutamente determinante na
substituição do Estado em múltiplos projectos em áreas distintas. O
sector da economia social constituído hoje por cerca de 10 mil
organizações de base, emprega cerca de 250 mil trabalhadores de
norte a sul, do litoral ao interior do país. É um dos sectores que
mais tem crescido nos últimos anos e tem, entre outras,
características únicas: emprega pessoas com idades mais avançadas;
emprega pessoas com deficiência; não se deslocaliza ao contrário de
outras empresas; trabalha primordialmente ligada à economia local
pelo que diminui importações ao mesmo tempo que dá respostas
sociais localizadas.
Promover o seu crescimento, não é só responder às necessidades
daqueles que as têm, como é também um imperativo nacional de
estímulo à economia e à empregabilidade.
Portugal tem zonas desfavorecidas, as chamadas zonas de
convergência, onde o terceiro sector tem de estar presente para dar
resposta, mas onde consegue também dar o seu contributo estratégico
nas políticas de desenvolvimento, crescimento e emprego. O Governo
já iniciou o processo de reprogramação do QREN para projectos do
sector social permitindo um aumento de 75% para 85% no apoio a
respostas sociais das zonas mais desfavorecidas.
Numa altura em que tantas instituições têm dificuldade em
cumprir as suas responsabilidades, o aumento destas participações,
tal como já tinha acontecido para as autarquias locais, é uma
ajuda.
- Formação de dirigentes Instituições Sociais
Não podemos dizer apenas que reconhecemos a qualidade das
instituições sociais, sem que a promovamos, apoiemos e estimulemos
à sua continuação. A valorização destas instituições é para nós
fundamental pelas diversas mais-valias que nelas encontramos.
O facto de estas instituições não visarem a distribuição de
lucros, não pode levar a que não se apliquem regras de boa e sã
gestão.
Importa pois promover as capacidades de gestão e de inovação
destas entidades, sendo que um dos aspectos que devemos apoiar,
enquanto principal factor de progresso da modernização económica, é
a qualificação do capital humano, tal como tem vindo a ser feito
para micro, pequenas e médias empresas.
Assim, iremos alocar, através das linhas existentes no POPH,
recursos financeiros para a formação de dirigentes das entidades da
economia social, pois temos plena consciência que o retorno será
absoluto.
- Linha de crédito para instituições da economia social
Se reconhecemos a importância do sector social nas suas mais
diferentes vertentes, não podemos deixar este tecido, que
pretendemos próspero, desamparado. Assim, englobamos também no PES
uma linha de crédito com o objectivo de incentivar as todas as
entidades que integram o terceiro sector ao investimento e ao
reforço das suas actividades, à criação de novas áreas de
intervenção e à modernização dos serviços que já prestam.
É da extrema importância que consigam, tal como conhecemos já
algumas instituições que hoje o fazem, acompanhar a constante
mutação das necessidades. Só em permanente adaptação conseguem
chegar a quem precisa. Só fomentando e apoiando essa adaptação
conseguimos juntos assegurar uma resposta permanente e de
futuro.
- Empreendedorismo e inovação social
É essencial garantir a ligação das instituições sociais
existentes a estas linhas. É possível replicar óptimos exemplos de
inovação e empreendedorismo social, que promovem o auto-emprego e o
surgimento de micro-empresas, ligados a serviços na esfera das
instituições sociais, a partir dos quais foi possível estabelecer
novos projectos de vida para muitas famílias e ao mesmo tempo
ajudar as instituições a ganharem autonomia e sustentabilidade
financeira.
- Transferência de equipamentos sociais do Estado para as
instituições sociais
Um Estado que tem um olhar diferente e menos exigente para os
serviços que directamente por si são prestados, não é um Estado
equitativo nem justo.
O País sabe que pode confiar nas instituições de solidariedade
social. Aliás, tem provas dadas da qualidade e da permanente
melhoria da resposta que estas instituições dão e da gestão que
fazem dos seus próprios equipamentos.
Nos Estados socialmente avançados, a confiança do Estado nas
IPSS certificadas e credíveis é elevada, havendo menos confusão
entre as funções de prestador, financiador e regulador. O Estado
não tem vocação para dirigir. Desta forma, salvaguarda-se a
equidade, o rigor e a qualidade das respostas sociais. Trata-se de
assumir a gestão social de alguns equipamentos sociais.
Queremos implementar oque se pode chamar uma parceria
público-social que proceda à transferência de equipamentos sociais
que estão sob gestão directa do Estado Central para as entidades do
sector solidário que integrem a rede social local, desempenhando o
Estado um efectivo papel financiador e regulador.
São estas instituições e estes equipamentos que, num panorama de
interior abandonado são, tantas vezes, uns dos poucos responsáveis
pela sua dinamização e vida. Importa pois juntá-los, pois também
deles, depende o interior do país.
O Governo anuncia, portanto, que irá lançar um concurso de
transferência para instituições de solidariedade de cerca de 40
equipamentos sociais detidos pelo Estado e que irão ao encontro dos
objectivos que ainda agora anunciei.
- Banco ideias - vamos promover boas práticas.
As boas práticas na área social merecem ser dadas a conhecer e
replicadas.
Queremos constituir um banco de ideias, onde se possam recolher
experiencias de sucesso e de inovação social e onde se possam
premiar os casos de excelência.
O país necessita de um banco que receba as mais diversas ideias
que potenciem este sector que promove a empregabilidade, combate a
desertificação e exclusão social e fomenta a economia. Um banco
solidário, que, servindo de portfólio deverá difundir as melhores
ideias país fora, e adequa-las pelas mais diferentes
realidades.
Algo que esteja em permanente crescimento, tal como este
programa de emergência social.
Queremos aliás utilizar desde já este banco para recolher ideias
e projectos que se possam vir a incluir no PES.
- Fundo de Inovação Social
Ligado a este Banco de Ideias deve estar um fundo de inovação
social, que sirva para promover e premiar os casos de excelência na
inovação social. queremos convocar a sociedade civil para a
capitalização deste fundo, assegurando que ideias de sucesso que
inovem e promovam o crescimento do terceiro sector possam ser
transformadas em realidade.
- Rever Legislação Fundo de Socorro Social para passar a actuar
como um Fundo emergência Social
Queremos rever a legislação referente ao Fundo de Socorro Social
que deverá passar a actuar como um verdadeiro Fundo de Emergência
Social.
- Cartão Solidário
Será criado um Cartão Solidário destinado a apoiar a iniciativa
e a envolver as entidades bancárias, de acordo com o previsto na
Lei para estas situações;
- Lei de Bases da Economia Social
A importância da economia social, pelo seu peso no mercado de
trabalho, pelo facto de garantir empregabilidade a pessoas em
situação de maior fragilidade, pela sua dispersão territorial, por
dinamizarem economias locais e muito contribuírem para a
substituição de importações e até pelo seu peso no Produto deve ser
reconhecida e potenciada. É para isso necessário remover obstáculos
ao seu desenvolvimento. A criação de um quadro legislativo estável,
coerente, adequado às novas realidades e exigências doa nossa
sociedade será muito importante. É por isso que no âmbito deste
plano inserimos a aprovação de uma lei de bases da economia
social.
- Avaliação PES
Este programa estará sujeito a uma avaliação semestral. Face às
exigentes adversidades deste tempo de crise, face à sua permanente
mutação, temos de efectuar balanços periódicos para que a resposta
seja efectiva e se vá adequando às necessidades reais e as
respostas que mais importam.
Apostamos forte nalgumas medidas em especial para que a inclusão
que pretendemos atingir seja sustentável, tenha futuro e não seja
uma solução pontual.
Portugal tem taxas elevadas taxas de pobreza e desemprego. E que
por se prolongarem no tempo aumentam, francamente, as desigualdades
sociais.
Importa, pois, quebrar o ciclo. E isso não se faz subsidiando,
mas antes aumentando a capacitação daqueles que hoje sofrem, para
que possam voltar a acreditar, para que possam prosperar e dar a
volta.
Acreditamos nas instituições que estão no terreno e conhecem a
realidade e as respostas mais adequadas. Não criaremos novas
estruturas para gerir o programa, pois não queremos que este padeça
de erros do passado. Queremo-lo leve, apoiado em quem sabe e com
recursos disponíveis para quem deles precisa.
Pediremos um amplo consenso político, e procuraremos envolver os
parceiros sociais. É preciso mobilizar todos. O melhor que o Estado
social tem, as Autarquias, as instituições sociais, os empregadores
e sindicatos, os voluntários, as empresas, as organizações
não-governamentais, e outras estruturas. É preciso contar com quem
já está no terreno, é preciso incentivar quem, muitas vezes com
sacrifício pessoal, dá o melhor de si para ajudar os outros.
Para este plano, o Governo conta com o apoio de vários
parceiros, quer das instituições sociais como as Misericórdias e a
sua União, a CNIS, as Mutualidades, várias associações e
instituições que trabalham na área da deficiência, da exclusão
social, do voluntariado, da área da família, da ANMP, da Anafre,
dos parceiros sociais, dos representantes das farmácias e da
industria farmacêutica, de várias empresas e da sua
responsabilidade social e claro está, dos serviços de Segurança
Social e dos organismos a que estará acometida esta tarefa de levar
à prática o programa.