O Ministro da Saúde afirmou que é necessário baixar os custos de tratamento de cada doente diabético para poder fazer frente ao crescimento previsível da doença. Paulo Macedo, que discursava em Lisboa na apresentação do projeto «Não à Diabetes» promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian, referiu que no primeiro semestre de 2015, os medicamentos para a diabetes, excluindo as insulinas, aumentaram 5,5% em termos de embalagens vendidas, enquanto os custos de tratamento cresceram cerca de 15%.
O Ministro acrescentou que «esta relação é totalmente impossível de manter face aos crescimentos previstos» da doença. «Se sabemos que vamos ter mais pessoas a tratar é preciso que, por tratamento, se consiga ter menores custos». Os dados que servem de base ao projeto da Fundação Gulbenkian preveem, no seu cenário mais negativo, a duplicação do número de diabéticos em 10 anos, passando de 60 mil para 120 mil.
Em termos de gastos, o tratamento da diabetes e das suas complicações representa 10% da despesa de saúde em Portugal, o que corresponde a cerca de 1% do Produto Interno Bruto. Seguindo o cenário referido, os gastos diretos com a diabetes poderiam, se não fosse feito para o inverter, chegar aos três mil milhões de euros, representando 15% da despesa de saúde dentro de duas décadas.
Paulo Macedo frisou que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está disponível para tratar mais doentes, mas os custos só serão comportáveis caso haja uma redução do preço por tratamento: «De certeza que no futuro vamos ter de tratar bastantes mais pessoas e queremos tratá-las desde já. Se estamos numa doença com a maior prevalência, e sabemos que vai aumentar, temos de ter a certeza que, embora possamos gastar mais em termos absolutos, por doente devíamos gastar menos. Porque senão será incomportável».
«Estamos disponíveis para ter maiores custos, o que não podemos é ter custos exponenciais porque a inovação é sistematicamente muito mais cara», afirmou o Ministro, recordando o recente com a indústria farmacêutica para reduzir os custos dos tratamentos da hepatite C.
A iniciativa da Gulbenkian, que vai envolver municípios, empresas e sociedade civil, pretende evitar que 50 mil pessoas pré-diabéticas desenvolvam a doença no prazo de cinco anos, e identificar, no mesmo período, outras 50 mil pessoas diabéticas mas que desconhecem ser portadoras da doença.
O projeto vai desenvolver-se inicialmente em 160 municípios, fazendo uma avaliação de 25% de toda a população adulta, mediante um questionário de avaliação de risco, com o apoio das farmácias sócias da Associação Nacional de Farmácias. As pessoas identificadas no rastreio como potencialmente diabéticos ou pré-diabéticos serão depois encaminhados para centros de saúde, que os informarão dos estilos de vida saudáveis que devem fazer para evitarem contrair a doença.