Ministro da Saúde, Paulo Macedo
 
2014-07-28 às 20:38

SISTEMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS DE SAÚDE VAI PERMITIR AVALIAR TRATAMENTOS PELOS RESULTADOS

Portugal está a trabalhar com outros países europeus para criar uma estratégia concertada para evitar que as empresas farmacêuticas peçam preços  «totalmente imorais» por medicamentos novos, afirmou o Ministro da Saúde, Paulo Macedo, na cerimónia em que foi apresentado o Sistema Nacional de Avaliação de Tecnologias de Saúde (SiNATS), a primeira grande mudança em 15 anos na forma como o Estado decide que tecnologias de saúde financia.

O Ministro afirmou que o Sinats é uma reforma estrutural com vista à sustentabilidade e uso eficiente e equitativo dos recursos, permitindo separar inovação de novidade: «Iremos financiar resultados mais do que expectativas», sublinhou.

Paulo Macedo referiu que Portugal quer, «de certeza, aceder à inovação», mas com preços que tornem possível a sua comparticipação, dando como exemplo um medicamento para a hepatite C que, durante a negociação, desceu cerca de 60% o seu preço face à proposta inicial da indústria farmacêutica.

Através do novo sistema de avaliação, que vai passar a ser obrigatório para todos os produtos, os medicamentos e dispositivos médicos vão passar a ser reavaliadas em comparação com alternativas tendo por base não só a informação fornecida pelas empresas mas, pela primeira vez, dados sobre os efeitos nos doentes e os que não mostrem mais-valias na sua utilização no Serviço Nacional de Saúde vão poder ser descomparticipados.

As reavaliações serão baseadas em doentes tratados e não em dados fornecidos pelas farmacêuticas e ensaios clínicos, onde os doentes são selecionados e podem não corresponder às populações tratadas.

O sistema entra em vigor em 2015. O Infarmed, organismo responsável pela área, deverá fazer as primeiras reavaliações em áreas onde já existem registos nacionais com dados de doentes tratados no SNS, como oncologia e VIH. A cada ano, em função da evolução do mercado e também dos gastos do SNS, serão decididas as prioridades de reavaliação. Em causa está um universo de 16 mil medicamentos e 600 mil dispositivos.

Até aqui, os medicamentos só eram descomparticipados quando as empresas deixavam de mostrar interesse em vendê-los e os dispositivos não tinham avaliação de custo-efetividade antes da inclusão no SNS, bastando estar licenciados para serem usados.

É também alterada a forma como as tecnologias são avaliadas antes de se decidir a sua comparticipação.

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