O Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional afirmou a necessidade de «reformas e de normas que legitimem o crescente poder de entidades tecnocráticas na política», a quem o sistema político pouco interessa, uma vez que este poder tem vindo a intensificar-se e a multiplicar-se na Europa e a quem o sistema político pouco interessa. Miguel Poiares Maduro intervinha na conferência do The Economist, em Cascais.
O Ministro disse também ser necessário «reorganizar a democracia na sua relação com os outros Estados e dentro do Estado», pois, «por vezes, os espaços políticos nacionais continuam a funcionar ignorando as consequências das regras europeias». «A relação entre política nacional e europeia implica perceber que aquilo que decidimos a nível nacional está ligado à Europa, mas obriga-nos a tomar posições a nível nacional de forma honesta e é essa a exigência que deve existir», disse ainda, acrescentando que, ao mesmo tempo, algum discurso político «invoca a Europa para não tomar decisões a nível nacional».
A mediatização da política, que é cada vez menos dominada pelas elites, levanta «riscos de manipulação populista» que se agravam com a crise económica, uma vez que estes fenómenos «alimentam tendências populistas».
Miguel Poiares Maduro disse que «há riscos políticos que têm vindo a afetar Portugal, mas também outros países na Europa», e que se Portugal não teve «ainda alguns desses desafios e riscos políticos tem em parte a ver com a circunstância de um ajustamento duro ter sido globalmente equilibrado do ponto de vista social, que procurou ao máximo não agravar situações de desigualdade dentro do País».
Estes riscos traduzem-se na diminuição da participação eleitoral e no surgimento de movimentos populistas e mais radicais «que têm vindo crescer e a impor a sua popularidade na Europa».
Assim, o principal desafio da política hoje «é simplificar situações complexas sem as classificar» e fazer essa «simplificação sem falsificação», referiu, acrescentando que o que o preocupa mais não a multiplicação de partidos populistas na Europa, mas a «contaminação do discurso populista nos partidos políticos mais tradicionais».