Crescimento e emprego, 11 abril 2014
 
2014-04-11 às 18:27

FUNDOS COMUNITÁRIOS SÃO «AQUILO QUE NOS PODE AJUDAR A AFIRMAR A NOSSA IDENTIDADE NA EUROPA»

«Os fundos não são aquilo que a Europa nos oferece», mas «aquilo que nos pode ajudar a afirmar a nossa identidade na Europa», afirmou o Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, sublinhando: «Portugal não deve nada à Europa». «Basta termos a consciência de que a nossa afirmação na Europa passa, em primeiro lugar, por aquilo que exigimos a nós mesmos». Estas declarações foram feitas na conferência «Portugal: rumo ao crescimento e emprego. Fundos e programas europeus: solidariedade ao serviço da economia portuguesa», em Lisboa.

Acrescentando que «a avaliação sobre o impacto dos fundos europeus em Portugal não é fácil nem consensual», o Ministro referiu que «é, porém, inequívoco que assistimos a uma revolução nas infraestruturas de acessibilidades desde meados dos anos 80, que modificou a geografia do País e aproximou as várias parcelas do território».

«É bom que prossiga o debate sobre o impacto que os fundos estruturais tiveram no desenvolvimento do País, em particular, no que respeitante à competitividade económica e sustentabilidade social», afirmou Miguel Poiares Maduro, lembrando que «a partir de 2000, o País praticamente estagnou, deixando de convergir com a Europa», isto é, «exatamente o contrário do que os fundos visam».

Assim, «deixámos de crescer e conservámos ou agravámos as desigualdades. Somos, há décadas, um dos países mais desiguais e com menos mobilidade social da Europa», sendo que «a isto acresce um défice demográfico, que - se nada for feito - torna, a prazo, insustentável o Estado Social».

«A interrogação é, pois, como contextualizar os fundos neste processo», afirmou o Ministro, acrescentando que - na programação do atual programa de fundos comunitários (Portugal 2020) - «não basta definir objetivos diferentes». «É fundamental que os fundos promovam a formulação de melhores políticas públicas».

E «esta preocupação com a boa utilização dos fundos é tanto mais relevante quanto os fundos estruturais serão, entre 2014 e 2020, o essencial do que este e o próximo Governo disporão para apoiar o desenvolvimento do País e a correção das assimetrias regionais», referiu Miguel Poiares Maduro.

«Os fundos terão, pois, um papel essencial na transição para um quadro de financiamento da economia portuguesa normalizado, onde os recursos são escassos, o regresso ao défice externo nos está vedado, e o investimento é crucial para um crescimento sustentado», sublinhou.

Elegendo como «principal défice do País» a falta de competitividade, o Ministro explicou: «É por isto que o primeiro objetivo que o Governo definiu para os fundos é a dinamização de uma economia aberta ao exterior e capaz de gerar riqueza de maneira sustentada».

Mas «não basta dirigir recursos para a competitividade e internacionalização das empresas»: «É necessário que estes recursos estejam alinhados com estratégias de especialização e que os apoios sejam verdadeiramente seletivos».

Também «a promoção do capital humano continuará a ser uma prioridade», pois «o Governo sabe que este continua a ser um dos aspetos que é preciso melhorar para sermos mais competitivos», afirmou Miguel Poiares Maduro, acrescentando: «Não existe economia sustentável e de forte valor acrescentado se não assentar num capital humano forte, apoiado numa base científica sólida, com capacidade criativa e de investigação».

«Uma competitividade sustentada terá sempre de passar pela associação entre o conhecimento e o território», donde, «o capital humano estará em estreita relação com a inclusão social e o emprego». «Esta é outra prioridade que assumimos. Trata-se de combater problemas, como o desemprego estrutural e o défice demográfico, que colocam em causa a justiça e a sustentabilidade do Estado Social».

«Mas também nestes domínios iremos inovar na forma como atribuímos os fundos para combater os problemas», uma vez que «o financiamento dos cursos de formação profissional, por exemplo, irá depender da taxa de empregabilidade que obtiverem».

«E iremos alargar esta estratégia às próprias políticas públicas apoiadas pelos fundos, avaliando os resultados fixados para estas políticas e redistribuir verbas de acordo com o sucesso das mesmas», acrescentou Miguel Poiares Maduro, sublinhando que «os fundos não podem continuar a ser vistos apenas como um instrumento fundamental no financiamento do País, mas têm de contribuir para melhorar decisivamente as políticas públicas».

«O Portugal 2020 vai também incentivar novas prioridades na gestão autárquica, promovendo um papel menos centrado na obra física e mais orientado para novos objetivos, como a competitividade económica, o combate ao abandono e insucesso escolar, a inclusão social ou a capacitação local», referiu.

«Portugal está a mudar» e «os fundos serão um instrumento muito importante neste processo. Mas o fundamental será a nossa vontade e determinação em prosseguir esta mudança, para assegurar as transformações que podem colocar os fundos ao serviço do crescimento sustentado e da coesão social e territorial».

E concluiu: «Vamos mudar o País, com o apoio de uma administração de qualidade e reputada na União Europeia. Vamos somente simplificar e facilitar o processo de decisão, para tornar o acesso aos fundos mais simples e transparente, logo, mais aberto a todos».

Tags: crescimento, emprego, competitividade, sustentabilidade, fundos europeus, portugal 2020