A proposta de reestruturação da dívida pública portuguesa
«mostra pouco conhecimento daquilo que é a estrutura da própria
divida», afirmou o Secretário de Estado Adjunto do
Primeiro-Ministro, Carlos Moedas, após a conferência subordinada ao
tema «Portugal: construir um futuro sustentável», em Bruxelas.
Durante a sua intervenção da conferência, o Secretário de Estado
sublinhara que a dívida portuguesa é sustentável.
Carlos Moedas acrescentou aos jornalistas, que «um terço dessa
divida é divida que está nos residentes portugueses, ou seja, nos
bancos portugueses, na segurança social portuguesa. Outro terço
dessa divida é divida que é parte desta nossa relação com a troika,
portanto dívida oficial. Por isso, é um bocadinho surpreendente
que, nesta altura, neste momento, se venha falar de um assunto que
não tem qualquer razão de ser, até porque estaríamos a dizer que
iríamos reestruturar a divida também dos nossos bancos, da nossa
segurança social»
Isto, prosseguiu, «não faz qualquer sentido», e «é a mensagem
errada no momento errado»: «Não é o momento, é o momento exatamente
errado, algo que não tem qualquer lógica para o nosso futuro.
Devemos estar concentrados na finalização do programa, em provar
que Portugal mudou».
O Secretário de Estado referiu também que defendeu a mesma
posição numa situação completamente diferente, em 2010, quando «o
País estava a atravessar uma crise e em que se não fizesse nada
teria que ir por esse caminho» de reestruturação da dívida externa
que «se estava a acumular a 10% ao ano» e, a continuar, ia conduzir
Portugal à «situação de bancarrota». «Felizmente, o país escolheu
outro caminho, e este caminho não é o caminho da reestruturação da
dívida».
Nesta altura, não «não imaginava o futuro», afirmou Carlos
Moedas. «Felizmente, houve a capacidade em Portugal de entrar por
um caminho que era o caminho que evita essa reestruturação. Esse é
o caminho da sustentabilidade» e «o contexto de hoje, felizmente
para os portugueses, é um contexto muito diferente: É um contexto
em que, exatamente, escolhemos um caminho de reformas e um caminho
que nos permite hoje olhar para os nossos credores, para os nossos
parceiros internacionais, com confiança no futuro».