Portugal teve «anos intensos de reforma, embora haja muito
trabalho pela frente», afirmou o Secretário de Estado Adjunto do
Primeiro-Ministro, Carlos Moedas, na conferência The Lisbon Sunnit,
organizada pela The Economist, em Cascais. «O trabalho reformista é
um trabalho contínuo. A solução é simples, reformar, reformar,
reformar», afirmou acrescentando que «o mais difícil é executar» as
reformas.
Recordando que os memorandos de entendimento do Programa de
Assistência Económica e Financeira previam centenas de medidas de
reforma para as finanças públicas e a economia, o Secretário de
Estado afirmou que «o grande desafio» de Portugal foi a
consolidação das contas públicas e a sua conjugação com as reformas
estruturais.
O Governo «conseguiu, nestes dois anos e meio, executar cerca de
400 medidas, e muitas outras foram adotadas para além do memorando»
- o que faz de Portugal um dos países mais reformistas da Europa -,
o que representa um «grande trabalho reformista cujos resultados
começam a ser visíveis».
Carlos Moedas referiu que «não nos deve surpreender o facto de
os governos estarem sempre a adiar as reformas. Muitos dizem que
tivemos uma década perdida, mas foi duplamente perdida pelo facto
de se adiarem as reformas necessárias à economia.
«Um reformista tem que ser alguém que consegue ser paciente e
impaciente ao mesmo tempo: paciente porque os frutos das reformas
nunca são imediatos, e impaciente porque todos os dias tem de se
levantar e pensar no que pode melhorar e pensar em novas reformas»,
afirmou, citaando o ex-Primeiro-Ministro italiano Mario Monti.
Durante vários anos, Portugal não teve «os incentivos certos»
para fazer as reformas necessárias, afirmou o Secretário de
Estado, embora existissem outros países europeus que, tal como
Portugal, estavam a adiar as reformas reformas estruturais
necessárias. «Numa Europa economicamente integrada, as reformas que
um país empreende ou adia acabam por afetar outros países». «Também
um problema de competitividade de um país tem o potencial de afetar
o grupo como um todo, ou seja, a ausência de reformas de um país
cria externalidades negativas para os outros países», afirmou
ainda.