«Ninguém pode dizer que está imune àquilo que possa vir a acontecer, mas reafirmo que, do ponto de vista financeiro, Portugal não é apanhado desprevenido nesta situação», afirmou o Primeiro-Ministro acerca das consequências da situação na Grécia, durante a cerimónia de renovação da parceria entre a empresa Bosch e a Universidade do Minho, em Braga. Pedro Passos Coelho acrescentou que o Estado tem condições financeiras para enfrentar uma eventual volatilidade dos mercados, «durante vários meses», pois «não estamos tão vulneráveis» como em 2010 e 2011.
O Primeiro-Ministro disse que a Europa deve «continuar a apostar em criar condições» para que a Grécia se possa manter dentro do euro e encontrar soluções para os problemas que enfrenta. «Tanto quanto possível, é importante politicamente a Europa manter uma grande aposta neste grande projeto comum. Não é um projeto 'à la carte', em que hoje um país hoje decide que fica e amanhã decide que sai», mas «não há nenhum elemento hoje que nos leve a pensar que a nossa meta está em causa».
Numa declaração à imprensa sobre as contas públicas - foi hoje conhecida a nota rápida sobre as contas das administrações públicas da Unidade Técnica de Apoio Orçamental -, Pedro Passos Coelho sublinhou que todos os indicadores apontam para o cumprimento da meda do défice: «Para o Governo, é uma questão fundamental ficar com um défice claramente abaixo dos 3% este ano, e todos os indicadores que temos apontam para que esse resultado seja obtido».
Certamente que há riscos de incumprimento, nomeadamente por se tratar de um ano de eleições, em que a responsabilidade pela execução orçamental não pode ser plenamente assacada a um Governo, que termina o seu mandato antes do final do ano, referiu, acrescentando que «o Governo nunca disse que não havia riscos, mas os números que têm vindo a ser conhecidos da execução orçamental, mês após mês, vêm sempre apontando para a redução do défice».
Acerca do desemprego, o Primeiro-Ministro disse que «o último dado mais firme de que dispomos», relativo a abril, «compara-se muitíssimo bem com o de há um ano atrás, em termos homólogos». Os dados provisórios de maio mostram uma ligeira subida do desemprego em relação ao mês de abril, mas «provavelmente irão ser revistos». «Os de abril já foram revistos e apontam para uma taxa de 12,8%».
Pedro Passos Coelho fez estas declarações na cerimónia de renovação da parceria entre a área da Bosch para multimédia automóvel e a Universidade do Minho para um projeto de investigação e desenvolvimento que decorreu durante os dois últimos anos. O projeto, que teve um investimento de 19 milhões de euros, centrou-se na produção do futuro conceito de mobilidade no setor automóvel..
Em Viseu, durante um jantar com empresários, o Primeiro-Ministro afirmou que «se queremos realmente olhar para o mundo com ambição, precisamos de nos agigantar de certa maneira, de não achar que as coisas estão fora do nosso alcance», tanto mais que Portugal tem «grandes investidores, grande capacidade de gestão, quadros com grande qualificação», pelo que «não há nenhuma razão para não inovar, investigar e investir com muita qualidade, crescendo a ritmos, a taxas muito mais fortes do que no passado».
«O que nós precisamos é de focar a nossa atenção, os nossos recursos e a nossa sabedoria numa estratégia clara que possa responder favoravelmente àquilo que são as nossas limitações internas e as oportunidades que temos lá fora», referindo que a maior parte dos contratos para investimentos feitos recentemente no concelho de Viseu o são «a olhar para o mercado externo» que «é muito maior» e permite «sonhar muito mais alto do que o mercado interno».
Aliás, acrescentou Pedro Passos Coelho, «qualificaremos melhor o nosso mercado interno se olharmos, de facto, para a economia global e não apenas para a economia portuguesa ou para a economia europeia».
Referindo que, atualmente, Portugal consegue «exportar mais significativamente do que há quatro e cinco anos», disse que isto aconteceu devido à necessidade, «porque, com a crise, os empresários tiveram de se voltar ainda mais para o exterior», e «porque a maior parte dos empresários percebeu que mesmo que um dia o mercado interno retomasse, havia um mundo lá fora muito importante»: «Porquê ficar a olhar para um mercado de seis ou de dez milhões de consumidores, se temos o mundo inteiro para poder olhar?».
«A necessidade hoje já não é tão grande e tão premente como há quatro e cinco anos e, no entanto, há empresários que não se esqueceram dos novos caminhos de exportação que conheceram», disse o Primeiro-Ministro, acrescentando que «já não querem estar a perder tempo só com o mercado interno, querem alargar as perspetivas de exportação».