«Estamos hoje a viver condições excecionais de uma sociedade que, apesar das dificuldades tremendas por que passou, de natureza financeira, de natureza económica, de natureza cultural, também, tem vindo a aproveitar as oportunidades e a transformar-se de uma forma que muitas vezes não é visível no retrato mediático que, a cada dia, é oferecido às pessoas», afirmou o Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho na cerimónia de atribuição dos prémios de ciência da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, em Lisboa,
Do mesmo modo, a falta de destaque que os meios de comunicação dão aos progressos realizados na área da ciência em Portugal cria «uma ideia enganadora» sobre o desenvolvimento científico da sociedade portuguesa. Hoje «há investigação de grande nível, do melhor nível internacional», um progresso que associou à abertura e à competitividade das economias.
O Primeiro-Ministro exortou os cientistas portugueses a participarem ainda mais nas «redes globais de conhecimento, de investigação e de desenvolvimento» e a apostar «na excelência, na abertura e na competição, deixando para trás os modelos protecionistas». «Temos melhores condições do que alguma vez tivemos até hoje para obter os melhores resultados», acrescentou.
Pedro Passos Coelho referiu que a evolução da investigação científica em Portugal não tem visibilidade suficiente e que os projetos bem-sucedidos têm pouco destaque mediático, apesar de Portugal ter «mudado profundamente ao longo das últimas décadas» no que respeita à investigação científica, devido ao trabalho de vários governos, de instituições públicas, semipúblicas e privadas.
«Por muitas caricaturas que se possam fazer deste espaço de comunicação, nenhuma será tão completa quanto aquela que normalmente é fornecida a propósito do folhetim das desgraças», disse, acrescentando que «é mais provável que uma desgraça seja notícia do que um projeto premiado ou uma investigação bem-sucedida, e no entanto uma investigação bem-sucedida exige um esforço metódico preparado, às vezes, por várias gerações, e muitos anos de estudo, de trabalho e uma cooperação que envolve várias instituições».
O Primeiro-Ministro prosseguiu afirmando que «uma desgraça, muitas vezes, não é mais do que um epílogo de uma situação menos controlada que pode ser evitada no futuro. E quando damos mais atenção a estas últimas do que às primeiras, escolhemos não ver aquilo que nos permite progredir e ficamos muitas vezes com a sensação de uma mera regressão da nossa sociedade que é enganadora».