«Não atingimos o paraíso, sabemos que temos um longo caminho
pela frente - mas agora podemos percorrê-lo pelos nossos próprios
pés, decidindo nós mesmos o que é melhor. E isto faz toda a
diferença, como podem imaginar», afirmou o Primeiro-Ministro, Pedro
Passos Coelho, numa conferência de imprensa conjunta com o seu
homólogo grego, Antonis Samaras, em Atenas.
«Estou confiante de que a Grécia concluirá com sucesso o seu
programa de assistência económica e financeira», acrescentou o
Primeiro-Ministro, reafirmando que «um país voltar a caminhar pelo
seu pé faz toda a diferença».
Acrescentando que «é preciso cumprir as metas traçadas pela
troika Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu e
União Europeia para o bem do próprio país, e concluir com êxito o
programa de ajustamento», Pedro Passos Coelho sublinhou que «os
efeitos não se fazem sentir de imediato, mas o regresso da
autonomia faz toda a diferença».
No caso de Portugal, «começam a ser visíveis os primeiros sinais
claros de que os sacrifícios faziam sentido e eram necessários»,
referiu ainda o Primeiro-Ministro, exemplificando com o crescimento
económico e o recuo da taxa de desemprego, «embora ainda não ao
ritmo desejável».
«A conclusão do programa de ajustamento não pode significar um
abrandamento das reformas que têm que ser feitas», motivo por que
«o Governo está determinado em cumprir as metas de défice de 4%
para este ano, e 2,5% para 2015» explicou.
«Queria deixar aqui uma palavra de solidariedade ao povo grego,
pois sei - também por experiência própria - os grandes custos
sociais que as reformas acarretam. A Grécia, que tinha um ponto de
partida muito difícil, já fez muito, e tem agora uma base forte
para um futuro sustentável. Estou convicto de que, tal como Irlanda
e Portugal, também a Grécia concluirá com êxito o seu programa de
ajustamento», afirmou Pedro Passos Coelho.
Sobre a forma de saída, o Primeiro-Ministro referiu que «tudo
depende do contexto na altura da conclusão do Programa». E lembrou
que, «em Portugal, a cerca de seis meses do final do memorando, a
maioria dos analistas considerava que o País necessitaria de um
segundo Programa ou de um apoio cautelar, e Portugal acabou por
regressar aos mercados sem qualquer ajuda suplementar».
«O meu grande objetivo é assegurar que, em breve, a Grécia
estará em condições de fazer exatamente o mesmo que a Irlanda e
Portugal fizeram, ou seja, concluir o seu programa de ajustamento
com uma história de sucesso ao nível orçamental e de reformas,
seguir em frente, regressar aos mercados, e estar de novo por sua
conta», afirmou o Primeiro-Ministro grego, Antonis Samaras,
realçando: «Queremos igualar a Irlanda e Portugal».
Sobre a proposta de reembolso antecipado dos empréstimos ao FMI
realizada pela Irlanda, Pedro Passos Coelho afirmou que o País «vai
apoiá-la porque esta é uma proposta racional e, num futuro próximo,
Portugal poderá ter a mesma pretensão».
Referindo que «os casos da Irlanda e de Portugal são distintos
já que a diferença entre as taxas de juro dos empréstimos que a
Irlanda tem que pagar ao FMI e aquelas a que consegue atualmente
financiar-se nos mercados é maior do que acontece com Portugal», o
Primeiro-Ministro acrescentou: «A Irlanda começou o seu programa
mais de seis meses antes de Portugal, e tinham taxas de juro mais
altas que Portugal nos empréstimos do FMI, que chegaram a atingir
entre os 4,5 e os 5%, enquanto atualmente a taxa de juro paga pela
Irlanda para empréstimos com maturidade a 10 anos ronda os 2,2%,
bem mais vantajosa, pelo que faz sentido pagar antecipadamente os
empréstimos negociados com o FMI».
«Claro que este é um bom princípio também para nós. Não temos a
mesma diferença entre os juros pagos nos mercados financeiros e as
condições acordadas com o FMI, mas espero que - nos próximos meses
- Portugal possa ter melhores perspetivas nas maturidades a 10
anos, caso em que já seria também vantajoso para Portugal mudar as
condições de reembolso dos empréstimos em causa», explicou Pedro
Passos Coelho, concluindo: «Ainda não está decidido se é importante
para Portugal fazer o mesmo em simultâneo com a Irlanda, mas é
certo que o País quererá estar em condições de fazer o mesmo quando
a vantagem for também a mesma».