O Primeiro-Ministro recebeu o seu homólogo japonês, Shinzo Abe,
numa visita histórica, uma vez que foi a primeira vez que um chefe
de Governo do Japão se deslocou a Portugal. «Sabemos que os laços
que nos unem são fortes e ancestrais, assentes em valores e
princípios fundamentais, tendo sido comemorados no ano passado os
470 anos dos primeiros contactos entre Portugal e o Japão.
Homenageando este nosso passado comum particularmente marcante, o
senhor Primeiro-Ministro Abe terá amanhã [dia 3] oportunidade de
visitar Sintra e Évora, reconstituindo parte do percurso que uma
missão de jovens missionários japoneses efetuou ao nosso país há
mais de 430 anos», referiu Pedro Passos Coelho.
Os dois Primeiros-Ministros estiveram reunidos com as respetivas
delegações numa sessão de trabalho que identificou interesses
comuns:«a vertente económica ocupou grande parte» da reunião,
afirmou Pedro Passos Coelho, acrescentando que «os investimentos
mais recentes de empresas japonesas em Portugal são um sinal claro
de confiança na economia portuguesa».
O Primeiro-Ministro afirmou também o empenho de Portugal na
conclusão do Acordo de Parceria Económica e no Acordo de Comércio
Livre entre a União Europeia e o Japão, esperando que haja novos
desenvolvimentos «já no quadro da Cimeira entre a União Europeia e
o Japão que terá lugar no próximo dia 7 de maio». Referindo-se à
«vontade dos dois Governos em melhorar o clima de negócios»,
apontou «a recente entrada em vigor do acordo de dupla tributação e
o levantamento do embargo japonês à importação dos produtos
portugueses de origem suína».
Pedro Passos Coelho elogiou «o rumo que o Primeiro-Ministro Abe
está a dar à economia do Japão, que tem contribuído para a dinâmica
de recuperação mundial», acrescentando que «apreciamos igualmente a
sua determinação em reforçar cooperação com União Europeia no
âmbito da segurança e da defesa».
O Primeiro-Ministro japonês referiu que «passaram cerca de 470
anos desde que se iniciaram os intercâmbios entre os dois países»,
afirmando-se «profundamente emocionado por poder visitar Portugal
pela primeira vez como Primeiro-Ministro do Japão e gostaria de
louvar os esforços do povo português, que comemorou os 40 anos da
revolução democrática na semana passada». Shinzo Abe referiu ainda
que convidou o Primeiro-Ministro português para visitar o Japão,
convite que foi aceite.
Abe afirmou a importância de Portugal como parceiro «porque
compartilhamos valores básicos, como a democracia, as regras da lei
que asseguram a liberdade marítima, além de diversos interesses
económicos». Por isto, «chegámos a um acordo para aprofundarmos as
nossas parcerias na cooperação de segurança, incluindo medidas
contra piratas, e na cooperação para a assinatura, quanto antes, do
Acordo de Livre Comércio Internacional com a União Europeia e do
Acordo de Parceria Económica entre o Japão e Portugal».
Os dois Governos discutiram também o aprofundamento da parceria
do Japão com os países de língua portuguesa, através da
participação japonesa, com o estatuto de obseervador, na Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), um desejo ao qual Portugal
expressou apoio.
Os dois Governos decidiram também promover a cooperação no
domínio das energias renováveis - o setor é ainda incipiente no
Japão que baseou a sua produção energética no nuclear - e da
produção de bens alimentares, havendo alguns projetos japoneses
para importação de produtos habituais em Portugal mas pouco
produzidos no Japão.