Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho no debate quinzenal, Assembleia da República,23 abril 2014 (Foto: Vítor Pires)
 
2014-04-23 às 16:49

«OS NOSSOS SACRIFÍCIOS COMEÇAM A VALER A PENA»

«Os nossos sacrifícios começam a valer a pena», afirmou o Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, acrescentando que «esta é a principal mensagem que o Governo pode dar, a muito pouco tempo de encerrar o programa de ajustamento, e quando se inicia a última avaliação da troika». Estas declarações foram feitas em resposta aos deputados no debate quinzenal, na Assembleia da República, dedicado aos temas do crescimento económico e da competitividade.

Sublinhando que «tudo isto é mérito dos portugueses», o Primeiro-Ministro referiu ainda: «Hoje é um dia especial porque, pela primeira vez em vários anos, Portugal fez um leilão de dívida pública numa linha de obrigações previamente anunciada».

E explicou: «Os termos em que decorreu o leilão mostraram duas coisas - por um lado, os investidores que há muitos anos estavam afastados da dívida portuguesa voltaram, e prevê-se que o rating melhore com o final do programa de ajustamento. Por outro lado, o Estado oferece hoje confiança aos investidores».

Reafirmando o que havia dito de manhã, numa conferência promovida pelo Diário Económico, Pedro Passos Coelho lembrou que «a quebra de confiança dos investidores foi o culminar de um processo iniciado muitos anos antes, com a evidência de que o Estado não foi regrado, acumulou dívida excessiva durante anos, e assentou num modelo económico insustentável, onde também as famílias e as empresas se endividaram».

«Em 2011, Portugal estava no pior dos mundos, em conjunto com a Irlanda e com a Grécia, com a agravante de ter de ajustar, quer do lado do privado, quer do lado do público», acrescentou.

O Primeiro-Ministro referiu-se também ao boletim do Banco de Portugal, que assinala que o País «está em recuperação frágil, mas está a inverter o ciclo económico, e isto não é indiferente para os investidores, que agem com base numa confiança a 10 anos».

«Hoje, estamos em condições de iniciar um ciclo virtuoso para a economia, sem o qual não seria possível crescer com sustentabilidade», explicou Pedro Passos Coelho, realçando que «não foi a austeridade que gerou a crise, mas o inverso». «A partir de agora, com as contas equilibradas, podemos corrigir as injustiças geradas durante anos, assim sejamos capazes de reduzir o desemprego e responder a estímulos de competitividade, mantendo a disciplina orçamental».

O Primeiro-Ministro referiu ainda que, prestes a concluir este «período excecional de assistência», Portugal tem «a perspetiva de não precisar de um segundo resgate, ou de prolongar um quadro de austeridade de emergência».

E acrescentou: «Muitas vezes, ao longo destes últimos três anos, os debates sobre a austeridade esconderam outras políticas importantes, que foram realizadas para prevenir que a despesa continuasse a aumentar».

Assim, «de 2010 a 2013, tivemos uma redução de cerca de 6 mil milhões de euros na despesa corrente primária. Os salários dos funcionários públicos e as pensões atingiram o valor mais elevado (85% dos pensionistas não foram afetados pelas medidas tomadas pelo Governo, e a maioria dos funcionários públicos também não)», mas «mesmo tendo pago mais subsídios de desemprego e pensões do que em anos anteriores, houve uma contração sensível na despesa, de cerca de 1,6 mil milhões de euros». «E até nos consumos intermédios a evolução foi significativa».

Tornando a referir-se ao boletim do Banco de Portugal, «até 2013, o esforço de consolidação foi repartido em 50% pela receita e pela despesa» e «isto foi assim porque precisámos de pagar mais subsídios e pensões», explicou Pedro Passos Coelho, acrescentando: «O esforço nas contas públicas não foi só ancorado na redução de rendimentos, mas também através a redução da despesa corrente primária, e com a desistência ou cancelamento de contratos em nome do Estado».

«Precisamos de manter esta linha porque um caminho sem equilíbrio orçamental só onera mais os portugueses», sublinhou o Primeiro-Ministro, lembrando que «o País tem um elevado stock de dívida», pelo que «se quisermos pagar menos juros, temos de reduzir os empréstimos que contraímos».

E realçou: «Atualmente, a nossa dívida é sustentável e compatível com a pertença de Portugal ao euro e à União Europeia. Qualquer quer seja o Governo em funções, terá de manter esta linha. Se queremos ter uma dívida sustentável, só há uma coisa a fazer: garantir que os compromissos serão saldados e, simultaneamente, fazer a economia crescer».

Afirmando que «não há razão para sermos dependentes da austeridade», Pedro Passos Coelho referiu que «cada vez Portugal se aproxima mais do equilíbrio orçamental».

Sobre o salário mínimo nacional, o Primeiro-Ministro explicou: «Considero errado discutir isto quando a economia contrai, as empresas fecham, e o desemprego aumenta», pois «se temos menos mercado e as empresas vendem menos, pagar mais salários não é o correto a fazer».

Porém, acrescentou, «quando a economia o permite porque estamos a recuperar e o emprego está a aumentar, faz sentido ter esta discussão, em conjunto com uma política de rendimentos, que não retire competitividade à nossa economia». Assim, «esta discussão terá lugar com os parceiros sociais em 2014, que é um ano de recuperação económica», afirmou Pedro Passos Coelho.

O Primeiro-Ministro referiu também que «enquanto 80% da nossa dívida não for paga, a troika manterá as suas avaliações, ainda que não nos moldes atuais. E haverá consultas de supervisão macroeconómicas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como, de resto, já acontecia antes do programa de ajustamento».

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