Assembleia da República, 19 março 2014
 
2014-03-19 às 17:38

«A CAPACIDADE DE ALCANÇARMOS UMA POLÍTICA BASEADA EM CONSENSOS É UM SINAL DE DESENVOLVIMENTO»

«A capacidade de alcançarmos uma política baseada em consensos é um sinal de desenvolvimento», ou seja, «ter a capacidade de, a partir das divergências, conseguir identificar pontos de convergência, é sinónimo de capacidade para gerar confiança no futuro e abrir a esperança à sociedade portuguesa», afirmou o Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, no debate quinzenal dedicado ao tema da economia e das políticas sociais, na Assembleia da República.

Daí «o Governo mostrar-se aberto a compromissos», explicou o Primeiro-Ministro, lembrando que «este Governo nunca se eximiu às suas responsabilidades, e os portugueses sabem disto».

«Sabemos bem que é ao Governo que cabe a tarefa de decidir sobre matérias como a estratégia orçamental ou que reformas estruturais empreender», acrescentou Pedro Passos Coelho, sublinhando: «Somos muitos a convergir no equilíbrio das contas públicas, mas só alguns atuam. Não pode ser assim».

Recordando que «em 2011, havia um consenso muito alargado sobre a estratégia a seguir para retomar o caminho da sustentabilidade», o Primeiro-Ministro afirmou que, posteriormente «foi necessário um reajustamento nas metas orçamentais, mas conseguimos corrigi-las», e «quando fazemos este ajustamento para corresponder à realidade, não podemos ser acusados de agir injustamente, porque a alternativa era endividarmo-nos mais».

«A estratégia de médio prazo para o pós-troika será dialogada com todos, a seu tempo», afirmou Pedro Passos Coelho, acrescentando que, neste diálogo «o PS tem mais responsabilidade política, na medida em que é o maior partido da oposição, mas o Governo tem a obrigação de estar aberto para ouvir e para conversar com todos os partidos e com todos os parceiros sociais».

Sobre um estudo recentemente divulgado pela OCDE, o Primeiro-Ministro sublinhou que «as conclusões demonstram que os 10% dos portugueses com menores rendimentos após o período de consolidação estão em melhor situação do que no período pré-crise». «Também o coeficiente de Gini se encurtou no mesmo período, significando que houve uma correção - ainda que ligeira - das desigualdades».

«Isto significa que houve uma preocupação muito grande deste Governo, face à progressividade dos esforços pedidos aos portugueses, o que é visível: o último escalão de rendimento fez, no final, o dobro do esforço do primeiro escalão», afirmou Pedro Passos Coelho, acrescentando: «O Governo, apesar da tarefa árdua que teve de concretizar, de reduzir o défice público, procurou fazê-lo com sensibilidade social».

Lembrando que foi ainda necessário corrigir desequilíbrios, o Primeiro-Ministro exemplificou: «Há três anos, o défice da balança era quase 10% do PIB, hoje tem um excedente de 2%. Enquanto economia, passámos de um endividamento a uma posição ligeiramente excedentária, sendo isto melhor para futuro do que acumular défices».

No plano interno, «atingimos um défice público de quase 4%, quando há três anos este valor rondava os 10%. Em abril, fará um ano que a economia começou a crescer; o desemprego tem descido - embora não tanto quanto gostaríamos - e o emprego tem estado a subir», pelo que «temos estado a corrigir os nossos problemas com o objetivo de sermos sustentáveis no futuro».

«Estamos a fazer o nosso trabalho de casa bem feito, pois uma diminuição do risco reduz as taxas de juro a que nos emprestam dinheiro, conduzindo a condições de financiamento mais favoráveis, sendo que isto já é hoje visível», explicou Pedro Passos Coelho.

E concluiu: «Neste momento, um compromisso orçamental seria benéfico porque este ciclo governamental terminará em setembro de 2015. E, quando emitimos dívida, estamos a convidar os investidores a acreditarem em nós para um futuro mais longínquo. Trata-se, pois, de gerar confiança futura no País. A credibilidade que Portugal tem conseguido, deve-se à capacidade de acreditar em si, mas precisamos de renovar estes votos, o que obriga a todos - Governo e oposição».

Tags: primeiro-ministro, orçamento, economia, reformas estruturais, justiça social, crescimento, emprego, investimento, sustentabilidade, desemprego