«Com a credibilidade de um país que está à beira de cumprir
plenamente os requisitos do programa de ajustamento, dizemos que
uma maior unidade, uma maior solidariedade, uma maior
responsabilidade, é o caminho a seguir», afirmou o
Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho numa conferência sobre o
futuro da Europa organizada pelo Governo Espanhol e o Instituto
Berggruen de Governance, em Madrid. «Precisamos alcançar um
equilíbrio sério, exigente, entre uma maior unidade e uma firme
responsabilidade», acrescentou.
O Primeiro-Ministro referiu ainda que «é justo dizer que já
percorrermos um longo caminho desde a pior fase da crise do euro»
estando já «num muito bem vindo estadio de recuperação». «Agora é
tempo de lançar fundações mais fortes para um futuro comum de
prosperidade».
«Temos que aprender as lições do passado», referiu ainda, «não
só do passado mais recente, mas também das causas mais profundas da
nossa vulnerabilidade e deficiências institucionais», mas,
«sobretudo, este é o tempo de preparar o futuro».
Pedro Passos Coelho sublinhou que quando pensamos nestes
assuntos «temos de ser ambiciosos», mas «também temos que manter
uma abordagem realista». «o equilíbrio entre realismo e ambição é a
chave para uma reforma forte, durável e e de horizontes amplos. É a
isto que chamamos reforma responsável».
O Primeiro-Ministro voltou a afirmar a importância da «completa
união bancária» - que «significa supervisão europeia centralizada,
um fundo de resolução comum (...) e um fundo comum de seguro dos
depósitos» - «que seria a maior reforma institucional da Europa
desde a introdução do Euro».
Explicando a importância desta reforma, Pedro Passos Coelho
afirmou que a fragmentação financeira de que sofrem os países do
sul da Europa «compromete uma das grandes realizações europeia: o
mercado único», que não deve ser «uma colecção de 28 mercados
nacionais». A fragmentação financeira gera «uma implícita
discriminação baseada na geografia», pois «as diferenças no acesso
ao crédito e no custo do crédito, põem as empresas em desvantagem
competitiva com outra empresas, só porque estão do lado errado da
fronteira».
Aliás, «não haverá integração política mais profunda nem maior
solidariedade, numa palavra, não é concebível um projeto europeu
comum, se permitirmos que o mercado único de desfaça. O mercado
único é a pedra de canto da nossa unidade. E é também o mais
importante motor de convergências das nossas economias e níveis de
vida», afirmou ainda o Primeiro-Ministro.
Mas a Europa necessita de mais duas reformas:
-
«Devemos acelerar a agenda de reinsdutrialização para aumentar o
nosso setor de bens negociáveis, aumentar as exportações e criar
melhores empregos», para que a Europa não «esteja condenada a um
papel passivo de mero importador de produtos industriais de outras
regiões».
-
As políticas de natalidade nacionais «devem ser suportadas por
recursos e por coordenação europeia», até porque «este tipo de
políticas exige estabilidade e concentração no longo prazo».
Pedro Passos Coelho referiu igualmente que, se por um lado «a
Europa necessita do sucesso do ajustamento dos países do Sul» -
pois a Europa «é impensável em tensão permanente, com
desequilíbrios perpétuos no seu seio» -, por outro, «precisamos de
regras claras e para todos, instituições funcionais, processos de
decisão racionais e atempados», e também «de agir rapidamente para
corrigir os desequilíbrios que ameaçam a nossa União». E esta «deve
ser a prioridade europeia para os próximos anos.