Debate quinzenal, 17 janeiro 2014
 
2014-01-17 às 12:26

«OS PORTUGUESES ESCOLHEM PARA GOVERNAR AQUELES QUE RESOLVEM OS PROBLEMAS»

«Os portugueses não escolhem para governar aqueles que procuram o conforto, os portugueses escolhem para governar aqueles que resolvem os problemas e nós temos vindo a resolver os problemas, a pagar as dívidas e a regularizar a situação» do País, afirmou o Primeiro-Ministro no debate quinzenal, na Assembleia da República, que foi aberto pelo partido Os Verdes. Pedro Passos Coelho acrescentou que «é por isso que as nossas taxas de juro acompanham o grau de confiança que o mercado externo tem em Portugal».

O Primeiro-Ministro referia-se à mudança da notação da agência de rating Standard & Poor's (que retirou Portugal de observação negativa), afirmando que esta decisão expressa a «confiança crescente no desempenho de Portugal» e «representa aquilo que várias outras [agências de notação financeira] têm vindo também a observar: é uma confiança crescente no desempenho de Portugal».

«Deve-se evidentemente àquilo que tem sido a determinação das autoridades portuguesas, do Governo português e, eu acrescento, dos portugueses - porque isto só é possível com determinação os portugueses - em vencerem esta crise e em conseguirem chegar ao fim da assistência económica e financeira», acrescentou. Isto não aconteceu com o Governo «a prometer facilidades», mas a demonstrar a sua «persistência em confrontar os problemas, atacar as suas causas, mesmo sabendo que as medidas que têm de conduzir à saída da assistência financeira sejam duras e evidentemente não nos deixem confortáveis».

O Primeiro-Ministro referiu-se também à necessidade de que o maior partido da oposição se pronuncie sobre a trajetória da dívida e do défice a incluir no Documento de Estratégia Orçamental, porque deve existir «uma visão o mais alargada e consensual possível» sobre esses objetivos de médio prazo: «Estamos convencidos de que, se isso acontecer, quaisquer que venham a ser as condições objetivas do mercado na altura em que o nosso programa terminar, Portugal estará em melhor condições de preparar a sua saída para mercado, com apoio, maior apoio ou menor apoio dos seus parceiros europeus».

Quanto ao processo pelo qual «Portugal transitará deste programa de assistência para pleno acesso a mercado», Pedro Passos Coelho afirmou que «a Irlanda definiu termos da sua saída a um mês da conclusão do seu programa, e fez bem, porque as condições objetivas que definiram a facilidade ou dificuldade de passagem a mercado estão relacionadas com condições de mercado que só podem ser avaliadas na altura própria».

Tanto mais que hoje se «respira na sociedade portuguesa», devido à evolução da economia e do emprego, um «sentimento totalmente diferente», apesar de haver um desfasamento entre os resultados e os seus efeitos na vida dos portugueses.

Aliás, neste momento a preocupação o Governo deve mostrar «determinação quanto aos objetivos de médio prazo, porque é isso que estará em causa quando se tiver de encontrar um nível de medição do risco de investir na dívida portuguesa», referiu Pedro Passos Coelho.

O Primeiro-Ministro afirmou que o número de cirurgias, de consultas externas em hospitais e de consultas de enfermagem ao domicílio aumentou durante 2013, recusando qualquer ideia de que as medidas de ajustamento tenham criado um quadro de subdesenvolvimento das políticas públicas traçado pela oposição.

«Em matéria de saúde não vivemos nenhuma situação de anormalidade» afirmou o Primeiro-Ministro, acrescentado que «não existe nenhum subdesenvolvimento» nas políticas de saúde e de educação.

Embora o País tenha enfrentado «restrições muito importantes», o Governo tem tentado responder da forma mais equilibrada possível, protegendo as políticas mais relevantes do ponto de vista social, nomeadamente na área da saúde e da segurança social, protegendo os que têm menos recurso e que são as «vítimas mais fortes da crise económica».

Pedro Passos Coelho negou que haja uma diminuição das bolsas de doutoramento, afirmando que a sua atribuição por concurso foi reduzida, mas em compensação foram lançados «programas doutorais de qualidade» que «implicarão nos próximos dez anos a atribuição de quase 1070 bolsas». A mudança de política deveu-se à necessidade de «responder a insuficiências» da investigação científica que tem sido feita e de aumentar o «valor acrescentado» das bolsas, acrescentado que Portugal «não desinvestiu da ciência, nestes anos, apesar da crise». Os investigadores «têm é de estar ao serviço da economia e das empresas» e deve haver «incentivos para que as empresas possam recrutar mais investigadores, doutorandos e cientistas», referiu ainda.

Acerca da privatização dos CTT, o Primeiro-Ministro recusou a ideia de que o preço pedido por cada acção tenha sido desajustado, devido à sua subida de 30% num mês. «Não foi uma venda a preço de saldo, foi uma venda a bom preço», sendo ainda «cedo para tirar conclusões sobre a valorização» das ações, que «está dentro dos valores normais», acrescentado que «preocupante seria o inverso».

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