2013-12-10 às 17:00

PRIMEIRO-MINISTRO DESTACA CAPACIDADE DE EXPORTAÇÃO DAS EMPRESAS EM CONTEXTO DE CRISE ECONÓMICO-FINANCEIRA

«A nossa capacidade para colocar produtos e serviços no mercado internacional» foi «inquestionavelmente», um dos pontos mais positivos do balanço do processo de ajustamento da economia e das finanças portuguesas nos últimos dois anos e meio, afirmou o Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho em entrevista ao Jornal de Negócios.

«Portugal viu crescer as suas exportações de 2010 a 2013 cerca de 24%, o que é um resultado superior ao que conheceu a Espanha, a França, a Irlanda ou mesmo a Alemanha», acrescentou.

Sobre o papel desempenhado pela Europa desde junho de 2011, o Primeiro-Ministro referiu que esta «não pode estar mais presente, desde logo, porque o programa de ajustamento foi desenhado já institucionalmente num ambiente dentro da União Económica e Monetária».

Por um lado, «a Europa criou respostas que, não sendo definitivas, são importantes para acudir a este tipo de situação. O próprio programa português é reflexo disto» acrescentou, explicando: «A União Europeia condiciona muito aquilo que pode vir a ser projetado para o futuro na medida em que - sobretudo para os países que partilham a mesma moeda - há respostas que não podem ser encontradas isoladamente».

Em relação à união bancária, Pedro Passos Coelho afirmou: «Não tenho dúvidas que reduzirá o risco para as PME e ajudará a subir o crédito porque vai separar o risco soberano do risco bancário».

Acerca do que correu menos bem, o Primeiro-Ministro ressalvou que «muitos dos aspetos negativos que normalmente estão associados ao programa de ajustamento, em rigor, devem estar mais associados ao que nos conduziu ao pedido de ajuda externa do que propriamente à aplicação das medidas que o programa continha».

Exemplificando, Pedro Passos Coelho referiu o caso da construção civil: «O que aconteceu não é uma consequência das medidas que tivemos de adotar, mas resulta de um nível de insustentabilidade do próprio setor que esteve aliado a um forte endividamento do mesmo ao longo de vários anos».

Quanto à estrutura do programa de ajustamento, o Primeiro-Ministro afirmou: «Estava bem desenhado, embora mal calibrado em alguns domínios», entre os quais, a base de partida para o objetivo orçamental associada ao desenvolvimento do programa.

Isto fez com que Portugal tivesse «medidas bastante mais exigentes do que a Irlanda, apesar de ter partido do mesmo défice orçamental» porque «a base de partida que foi definida pelo Governo anterior quando apresentou o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) IV partia de uma perspetiva de défice irrealista, explicou Pedro Passos Coelho.

E concluiu: «O Governo procurou, desde o início, mostrar que estava apostado em cumprir o programa». «Esta foi a nossa principal preocupação, para sermos levados a sério pela Europa e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI)».

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