Investimento vitivinícola, 28 julho 2013
 
2013-07-28 às 16:33

CARGA FISCAL ELEVADA É DESINCENTIVO PARA AS EMPRESAS INVESTIREM E PARA AS FAMÍLIAS APLICAREM OS SEUS RENDIMENTOS

O Primeiro-Ministro afirmou que a carga fiscal elevada é um «desincentivo para as empresas poderem investir e é um ónus muito grande que impede as famílias de poderem também, elas mesmas, aplicarem os seus rendimentos da melhor maneira, seja em poupanças seja em decisões de consumo, de alargamento do nosso mercado interno». Pedro Passos Coelho discursava em Alijó, na inauguração da nova adega de uma empresa vinícola, referindo-se à reforma do IRC que é «voltada para captar a confiança dos investidores para o médio e longo prazo».

Neste momento, a prioridade do Governo vai para as empresas, «porque sem elas terem a possibilidade de expandirem o seu investimento nós não conseguimos gerar emprego e não conseguimos gerar riqueza», e, sem isso, «nunca se conseguirá aliviar os impostos sobre as famílias, sobre as pessoas».

«Nesta altura, queremos projetar para futuro um horizonte de investimento que seja realmente importante para que o País possa voltar a crescer e a desenvolver-se de uma forma sustentada», referiu Pedro Passos Coelho, que acrescentou que «isso não se faz só através dos impostos»: «Ter previsibilidade fiscal é importante mas precisamos também, no que se refere aos custos de contexto, tornar as condições de investimento mais atrativas também».

Afirmando que o Governo tem uma «panóplia diversificada de instrumentos que têm que jogar todos no mesmo sentido para que o investimento possa acontecer», o Primeiro-Ministro, acrescentado que «ao nível da reforma do Estado - que tem que se iniciar com vigor» - é importante que «consigamos encontrar menores custos de contexto para as empresas e um quadro de fiscalidade que dê maior previsibilidade ao investimento».

Referindo que «não conseguimos recuperar a nossa economia para futuro aumentando impostos, isso tem um limite, isso pode dar-nos uma solução de curto prazo para equilibrar o défice do orçamento mas paga-se um preço muito elevado no médio e longo prazo mantendo essa carga fiscal muito elevada», o Primeiro-Ministro declarou também que «nós temos realmente uma carga fiscal muito elevada» e «sabemo-lo».

«Atingimos essa carga fiscal muito elevada porque durante muitos anos o Estado não fez o que devia para controlar a sua despesa», e,  nos anos mais recentes «foi ainda mais elevada porque houve uma parte da despesa do Estado que o Estado não pode reduzir por razões constitucionais, como é conhecido, o que obrigou a aumentar ainda alguns impostos», afirmou ainda

Pedro Passos Coelho mostrou também satisfação por o principal partido da oposição ter propostas para apresentar no Parlamento sobre esta matéria, afirmando que o Governo está aberto a acolher contributos: «O objectivo é que possa haver uma vitória para o País com investimento e empresas, e desse ponto de vista todas as boas propostas são bem-vindas», para que «num horizonte estável e ao mesmo tempo não muito distante» seja possível «apontar para um nível de competitividade fiscal em Portugal que compare bem com outros países europeus».  

O Primeiro-Ministro Visitou as novas unidades industriais da empresa vinícola Gran Cruz, que está a investir 14 milhões de euros no Douro, na construção de duas adegas e de um centro logístico de armazenamento, o que permitirá vinificar cerca de seis mil toneladas de uvas de 1200 viticultores dos concelhos de Alijó, Murça, Sabrosa, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor, e concentrar todo ao armazenamento de vinhos e aguardentes, bem como as operações de tratamento dos vinhos.

Pedro Passos Coelho afirmou conhecer as preocupações dos viticultores da região acerca da Casa do Douro «e tenho mostrado abertura para que possamos, no âmbito do processo de reforma do Estado responder a algumas dessas preocupações», de modo a que «sem prejuízo da função reguladora e certificadora que cabe ao Estado, permitir que todo o esforço de promoção desta zona e desta fileira possa ser realizado pelas entidades privadas com mais autonomia e liberdade».

A Casa do Douro - uma instituição privada mas de inscrição obrigatória para os viticultores durienses -, tem uma dívida superior a 100 milhões de euros, estando o Governo anunciou está a trabalhar numa solução «que está já em fase final de estudo ao nível do Conselho de Ministros».

O Primeiro-Ministro, em resposta a perguntas da imprensa, afirmou que o Governo irá estudar atentamente o relatório do Tribunal de Contas sobre a existência de 6000 milhões de euros não contabilizados em encargos com as Parcerias Público Privadas (PPP) de quatro hospitais (Braga, Vila Franca de Xira, Cascais e Loures) relativos a 20 anos de serviços clínicos.

Recordando que «há um conjunto de investimentos significativos em torno de PPP que foram realizadas no passado, seja na área de infra-estruturas rodoviárias seja em áreas como na saúde, que representam um encargo para futuro bastante pesado», Pedro Passos Coelho apontou a criação de uma «unidade especial junto do Ministério das Finanças para fazer a monitorização de todas essas parcerias que têm contratos bastante complexos e trazem para futuro encargos ainda significativos que nós precisamos de contabilizar com a maior transparência possível».

«Não é uma situação simples, trata-se de encargos que vêm assumidos do passado e que, neste caso das parcerias da saúde, precisam de ser melhor contabilizados não do passado mas para exercícios futuros», referiu, acrescentando que «é uma matéria que será estudada e será vista com atenção quer ao nível do Ministério da Saúde, quer ao nível do Ministério das Finanças».

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