«Só hoje, nestas duas unidades industriais ampliadas, temos cerca de 1250 postos de trabalho, 30 milhões de euros de investimento e temos muita exportação e substituição de importações», afirmou o Vice-Primeiro-Ministro no final da visita às empresas Nutre e Ria Blades, ambas com participação de capital estrangeiro, em Vagos. «É precisamente disso que Portugal precisa», sublinhou Paulo Portas.
A fábrica da Nutre é o resultado de um investimento de 14 milhões do grupo Martifer com parceiros paquistaneses e apoio da União Europeia, destinando-se a produzir derivados de soja, como bebidas, iogurtes, sobremesas e barras de cereais, substituindo importações. Atualmente a empresa tem atividade na Roménia, Angola, Brasil, Moçambique e Portugal, faturando 10 milhões de euros, mas espera alcançar novos mercados nomeadamente em África, Médio Oriente e Ásia, onde 70% da população é intolerante à latose. O objectivo a dois anos é exportar 50% da produção de bebidas. A fábrica criou 40 empregos.
A Ria Blades é uma fábrica de turbinas e pás para torres eólicas a trabalhar desde 2009 que fez a sua segunda expansão, tendo cerca de 1200 empregados, e estando a produzir para vários parques eólicos em Portugal e para o estrangeiro.
Estes investimentos «provam o dinamismo económico que está a acontecer cada vez mais na sociedade portuguesa», disse o Vice-Primeiro-Ministro, acrescentando que os investidores procuram «destinos amigos do investimento» e que os impostos são um critério que têm em conta. Por isto, «queremos que o investimento venha para Portugal para criar emprego e por isso temos de ter carga fiscal moderada sobre as empresas, o que tem de ser feito gradualmente, mas acredito que o IRC deve chegar até aos 17%, caso em que se tornará um dos mais competitivos da Europa».
Para isso, «é preciso manter a flexibilidade laboral, tal como foi acordado com o compromisso social com a UGT, o que fez parte da transformação da imagem de Portugal como país atraente para investir», afirmou o Vice-Primeiro-Ministro acrescentadno que «se tivermos leis laborais muito rígidas podemos ficar contentes, mas perdemos investimento todos os dias».
Paulo Portas disse também que o alívio da carga fiscal deverá chegar às famílias «por uma questão de justiça», com a eliminação progressiva da sobretaxa no IRS: «Foi uma medida tomada em desespero depois de uma decisão do Tribunal Constitucional, mas percebida como injusta, e por isso deve ser uma prioridade ir reduzindo a sobretaxa de IRS de forma a desaparecer em 2019».
Contudo, a redução de impostos só é possível se Portugal ficar abaixo do défice orçamental de 3%, considerado excessivo pela União Europeia: «se ficarmos acima não se consegue reduzir a sobretaxa de IRS, como as famílias merecem», disse.