Comércio externo, 20 março 2015
 
2015-03-20 às 22:09

«PORTUGAL QUER BANDEIRAS IMPORTANTES DO PONTO DE VISTA ECONÓMICO EM MARROCOS»

«Ficaram fechados uma série de instrumentos que permitem melhorar significativamente as nossas perspetivas neste mercado que fica tão perto, a tão poucos quilómetros e poucos minutos de Portugal», afirmou o Vice-Primeiro-Ministro durante a visita de dois dias que efetuou a Marrocos acompanhado de 45 empresas, e no qual se reuniu com o Primeiro-Ministro Abdel-Ilah Benkirane e com seis Ministros do país vizinho. «Penso que teremos ainda esta reunião de alto nível que não realiza desde 2010 entre os Primeiros-Ministros dos dois países, acompanhados por um fórum económico já organizado pelas empresas», acrescentou. O grande objetivo da visita era «dar um claro sinal de que Portugal quer bandeiras importantes do ponto de vista económico em Marrocos», afirmou ainda Paulo Portas

«Eu gostaria que Portugal tivesse projetos com visibilidade em Marrocos, como a França e a Espanha têm, sem ameaçar ninguém, mas com a nossa própria qualidade e ambição», afirmou o Vice-Primeiro-Ministro, durante uma visita oficial a este país vizinho. Paulo Portas destacou a importância do mercado marroquino, referindo que em quatro anos Portugal dobrou as exportações: em 2014 atingiram os 600 milhões de euros, e nos próximos anos poderão aumentar para mil milhões de euros, sendo Marrocos o 12.º cliente de Portugal, o 4.º maior fora da Europa e o 2.º maior em África.

O Vice-Primeiro-Ministro foi acompanhado pelo Secretário de Estado da Inovação, Investimento e Competitividade, Pedro Gonçalves, e pelo presidente da AICEP, Miguel Frasquilho, e reuniu-se com os Ministros da Indústria, Comércio e Investimento, Moulay Hafid Elalamy, da Energia, Minas, Água e Ambiente, Abdelkader Aâmara, da Economia e Finanças, Mohamed Boussaid, do Equipamento, do Transporte e da Logística, Aziz Rabbah, dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Salaheddine Mezouar, e os Presidentes da Câmara baixa , Rachid Talbi Alami, e da Câmara alta do Parlamento, Mohamed Cheikh Biadillah.

Da delegação portuguesa faziam ainda parte 45 empresas de agro-indústria, farmacêutica, energia, engenharia e construção, ambiente, hotelaria, moldes e materiais de construção, incluindo algumas das mais importantes empresas nacionais como Águas de Portugal, Galp Energia, REN, Efacec, Grupo Casais, Portucel, Grupo Pestana, Frulact, Sovena e Tecnimede.

Paulo Portas referiu que há 1200 empresas portuguesas a trabalhar em Marrocos, mas até agora ainda não existia uma Câmara de Comércio, que foi criada, juntamente com um Observatório do Investimento: «Como ambos temos um espírito muito pragmático, e para fazer um caminho mais depressa e acelerar mais as exportações e os investimentos, é preciso atenção mais concentrada dos dois Governos e das duas administrações, nós vamos ter sem regras excessivamente pesadas um Observatório de Investimento entre os dois países», disse Paulo Portas.

O Observatório tem como objetivo «permitir ajudar as empresas que querem fazer parcerias e abrir mercados», sendo tão importante para Portugal como para Marrocos, pois tendo Portugal tem um rendimento per capita mais alto, é «natural que haja muitas parcerias de empresas portuguesas em Marrocos» pelo que as parcerias podem ser feitas ao nível das exportações ou de investimentos dos dois países, quer para o mercado marroquino, quer para o mercado português, quer para partirem para mercados terceiros em aliança.

A presença de empresas tão significativas nesta visita «é um sinal de que as empresas querem apostar neste mercado, querem crescer neste mercado e querem exportar produtos e marcas portuguesas para Marrocos», afirmou Paulo Portas, que de como exemplo os investimentos da farmacêutica Tecnimede - que visitou no primeiro dia da viagem - que assegura 700 postos de trabalho, exporta mais de 55% daquilo que produz e fatura mais de 115 milhões de euros ao ano e cuja fábrica em Casablanca representa um investimento de 17 milhões de euros.

«Aquilo que a Tecnimede está aqui a fazer no domínio farmacêutico, fazem muitas empresas portuguesas noutros setores em Marrocos. Há empresas que gerem aqui centros comerciais, há empresas que produzem aqui produtos alimentares para exportar, há empresas que fazem trabalho de infraestruturas, seja para a educação, seja para os transportes, e há empresas portuguesas tecnológicas presentes em Marrocos».

Referindo que a previsão do crescimento económico para Marrocos é de 4% ao ano, o Vice-Primeiro-Ministro acrescentou que «a partir de Marrocos, pode-se disputar muitos mercados regionais neste continente».

O Vice-Primeiro-Ministro anunciou também que vão ser abertas novas oportunidades as exportações agrícolas, no final de uma reunião com o Ministro marroquino da Agricultura: «Pedi-lhe para acelerar os processos de certificação de exportações portuguesas para Marrocos em duas áreas onde há interesse das nossas empresas, a dos pintos do dia e a dos ovos de incubação, e acho que em breve teremos novidades nessa matéria».

Além disto, Marrocos «convidou Portugal para ser o país vitrina e emblema» na grande exposição de cavalos que decorre todos os anos em El Jadida, antiga Mazagão. «Creio que também há boas perspetivas de Portugal desenvolver a relação comercial com Marrocos na fileira do cavalo».

Durante a visita de Paulo Portas foi também assinado um contrato de 8,5 milhões de euros entre o grupo hoteleiro Pestana e grupo financeiro marroquino CDG para restruturar e gerir durante 10 anos o Club Med de Marraquexe, «que é uma das cidades mais emblemáticas e procuradas no mundo». O facto de «um grupo hoteleiro português, o Pestana, que tem 87 hotéis espalhados pelo mundo e leva o bom nome de Portugal e o nosso profissionalismo aos quatro cantos do mundo» ter assinado este contrato «é um sinal daquilo que nós somos capazes de fazer com muito profissionalismo, competindo com os outros».

O contrato prevê a recuperação e futura exploração do antigo Club Med de Marraquexe, com uma localização privilegiada na praça principal da cidade, integrando a remodelação total da unidade e sua transformação em 4 estrelas, com 220 quartos, sendo o segundo investimento do maior grupo hoteleiro português em Marrocos.

O Vice-Primeiro-Ministro disse que «ganhar contratos fora e com este caráter simbólico dá ao Grupo Pestana mais prestígio e força, e isso é bom para o nosso turismo e as nossas exportações».

O Governo está «a ultimar um alargamento em mais 30 milhões de euros de linha de crédito para apoiar as exportações para o mercado de Marrocos», o que «significa que há mais apoios para as oportunidades que entretanto se abriram, e é assim que se consegue crescer», disse Paulo Portas, explicando que as linhas de crédito para este mercado já estavam esgotadas, apesar dos prolongamentos que já tinham sido efetuados, pelo que era necessário uma extensão no tempo e no quantitativo.

O Vice-Primeiro-Ministro frisou que África «é um grande continente, tem um potencial de desenvolvimento muito grande e, se tiver estabilidade política e jurídica, há muitos mercados que são oportunidades extraordinárias para as empresas portuguesas».

As transações comerciais entre os dois países são tradicionalmente favoráveis a Portugal, com as exportações a apresentarem de 2010 até 2014 um crescimento médio anual de 21%, enquanto as importações aumentaram 6,6%. Os 10 maiores exportadores são a Cabelauto, Cabopol Indústria de Compostos, Continental Mabor, Fisipe, Petrogal, Portucel-Soporcel, Siemens, Siderurgia Nacional Maia, Siderurgia Nacional Seixal e Tabaqueira.

Tags: política externa, exportação, investimento, magrebe, marrocos
   

 

Close