Relações com a China, 3 fevereiro 2015
 
2015-02-04 às 10:18

PORTUGAL E A CHINA CELEBRAM UMA DÉCADA DE PARCERIA ESTRATÉGICA

O Vice-Primeiro-Ministro afirmou que «este ano, passa uma década sobre parceria estratégica entre Portugal e a China», uma parceria que «deve ser acarinhada dada a partilha de interesses comuns e convergentes» e tendo em conta a amizade secular que une os dois países. Paulo Portas intervinha na cerimónia do lançamento do jornal bilingue luso-chinês «Diário de Todos», em Lisboa.

O Vice-Primeiro-Ministro sublinhou a importância do desenvolvimento económico da China para o mundo, assinalando também o facto de a China ser, atualmente, «um dos mais importantes para as exportações nacionais», bem como «o maior emissor mundial de turistas, com uma classe média em ascensão, e com a ambição de se internacionalizar».

Em entrevista do jornal, o Vice Primeiro-Ministro, que recordou que «Portugal e a China se conhecem há muitos séculos» e «são dois povos entre os quais sempre prevaleceu o entendimento», Mas, sobretudo os dois povos têm sabido «preservar aquilo que de temos de mais importante e trazer esta relação para os dias de hoje».

É a este pragmatismo «que se deve o nosso nível de relacionamento hoje, que é exemplar do que deve ser uma relação saudável, funcional, de respeito mútuo entre dois países que se conhecem profundamente».

Referindo a sua experiência de Governo dos últimos anos, Paulo Portas disse que ela lhe «permite afirmar com certeza que a China e as suas empresas depositaram confiança na economia portuguesa, na sua hora mais difícil. Quando alguns investidores olhavam com receio para o momento que Portugal vivia, a China soube ver o valor futuro».

Mas também «quando muitos, noutros países, desdenharam do investimento chinês, Portugal soube abrir as portas, sem receio. As privatizações que as empresas chinesas ganharam – na energia, nomeadamente – foram ganhas por mérito próprio. De alguma forma, esta é a mesma confiança, a mesma aposta que se vê nos investidores chineses que compram casa em Portugal, através do programa de autorizações de residência para investimento».

«E é este reconhecimento mútuo do valor que cada país tem como parceiro, juntamente com o pragmatismo que tem predominado na visão de ambos os Governos, que tem permitido ir solidificando uma relação que, a nível das grandes empresas, mas também dos pequenos investidores, é hoje já das mais fortes que temos com outros países.», disse também Paulo Portas.

O Vice-Primeiro-Ministro assinalou que «as metas traçadas vêm sendo sucessivamente ultrapassadas», apontando «o crescimento que têm tido as nossas exportações para a China, desde os automóveis aos sectores tradicionais. E continuamos a acompanhar muitos investidores chineses e a ver grande potencial em muitas áreas praticamente inexploradas. Felizmente, todos os dias parecem surgir novos projetos que as nossas empresas, o nosso conhecimento, o nosso talento, podem conjuntamente tomar em mãos». 

Afirmando que ambos os países têm sabido aproveitar as oportunidades, Paulo Portas apontou alguns números: «O crescimento médio anual das exportações portuguesas para a China foi de 39% nos últimos cinco anos. Em 2014, deveremos ter crescido em torno de 25%. Também as importações da China têm vindo a crescer, embora a um ritmo menos expressivo. O número de empresas exportadoras para a China atingiu 1111 em 2013, mais 300 do que em 2009».

«Mas - afirmou - há algo ainda de mais impressionante a que estamos a assistir, ao nível dos serviços: de 2012 para 2013, as nossas exportações de serviços para a China quadruplicaram, e, em grande parte, a explicação está no Turismo de chineses em Portugal, cujas receitas quase triplicaram em 2013». «Mas o Turismo em Portugal está longe de estar saturado. Pelo contrário, muito se tem desenvolvido e profissionalizado – 2014 foi o nosso melhor ano turístico de sempre».

«Contudo - prosseguiu -, ainda não temos os chineses entre os nossos principais turistas. Digo ainda porque acredito que esta é uma das áreas que tem tudo para continuar a crescer fortemente. Ver um grupo de chineses a passear nas zonas históricas de Lisboa, ou mesmo nos centros comerciais, era raro há poucos anos, mas hoje começa a ser habitual. E vamos começar a vê-los mais no Porto, em Coimbra, nas nossas ilhas atlânticas, no Alentejo e nos nossos parques naturais. E não há-de demorar muito para que isso se torne realidade».

Outro sector com muito potencial, é a agro-indústria: «O Governo em particular tem apostado muito em conseguir autorizações para exportar produtos agrícolas portugueses para a China, com sucesso. Abrimos já dois importantes mercados – os de produtos de pesca e aquicultura e o de leite e laticínios. Temos nove outros produtos a aguardar autorização. Destes, o processo da carne de porco é o que está mais avançado, estamos a preparar resposta final ao relatório chinês que resultou da missão de inspeção chinesa de outubro passado».

O Vice-Primeiro-Ministro afirmou também que «à medida que vamos conseguindo abrir mais portas, vamos viabilizando mais oportunidades de negócio para os empresários dos dois países. Em Portugal, temos produtos de excelência nos vinhos, nos azeites, nas carnes. Tudo isso fará o seu caminho natural».

Mas também «temos empresas importantes nos têxteis, na moda, no calçado, que estão em pleno processo de internacionalização, e com sucesso. Marcas portuguesas ao nível do melhor que se faz no mundo, com design, inovação, qualidade. E com preços muito competitivos. Aceder a grandes mercados como o da China pode ser um grande impulso para o crescimento destas empresas. Mas podia também falar da nossa engenharia, do nosso software, da nossa arquitetura…»

Estes factos, «juntamente com a enorme dimensão e importância do investimento chinês em Portugal, dá bem a noção do dinamismo que a nossa relação está a viver. E são os agentes privados que estão a servir de locomotiva para este crescimento», sublinhou.

O Vice-Primeiro-Ministro disse também que a representação portuguesa na China pode ainda ter acertos e melhorias «sempre no sentido de tornar a vida mais fácil para os agentes privados que tanto têm feito para que os nossos países estejam cada vez mais próximos. Tenho representado Portugal nas comissões bilaterais com a China, a última das quais se reuniu em Pequim em maio do ano passado. Tem sido uma forma expedita de identificar entraves ao natural crescimento das nossas relações a todos os níveis – e, mais importante, formas de remove-los. É um modelo a continuar, e voltaremos a reunir a comissão em 2015».

O Embaixador da China em Portugal, Huang Songfu, afirmou que, «apesar da comunidade chinesa em Portugal, composta por cerca de 20 000 pessoas, não ter aumentado nos últimos anos, também não diminuiu, o que demonstra que os chineses optaram por suportar os tempos difíceis ao lado dos portugueses».

Tags: exportação, diplomacia, investimento, turismo, china, diplomacia económica, balança comercial
   

 

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