Programa de Assistência Económica e financeira, 2 maio 2014
 
2014-05-02 às 14:27

ÚLTIMA AVALIAÇÃO DA TROIKA: «TODOS PARTILHAMOS UM SENTIMENTO DE MISSÃO CUMPRIDA»

«Um só programa, um só resgate, um só empréstimo», afirmou o Vice-Primeiro-Ministro na apresentação da conclusão da 12.ª avaliação do Programa de Assistência Económica e Financeira, em Lisboa. Paulo Portas acrescentou que «todos partilhamos um sentimento de missão cumprida». As conclusões da avaliação foram apresentadas também pela Ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e pelos Secretários de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, Carlos Moedas, e Adjunto do Vice-Primeiro-Ministro, Miguel Morais Leitão.

O Vice-Primeiro-Ministro referiu que «a última avaliação está concluída e foi bem superada» e que esta conclusão «significa que o programa está no bom caminho para o seu termo» e que «Portugal pode recuperar a parcela de soberania que lhe falta desde maio 2011 quando o resgate começou». Aliás, «Portugal fez o caminho muito importante para a recuperação da sua autonomia financeira» e esta conclusão «dá sentido útil aos sacrifícios que toda a sociedade portuguesa tem feito» e que levou à «recuperação da nossa credibilidade através de uma aposta firme em políticas responsáveis».

A Ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, recordou que «sem o programa Portugal teria sido colocado numa situação de bancarrota em que os sacrifícios teriam tido uma dimensão inimaginável» e afirmou que «nestes três anos muito mais foi feito e em muito mais áreas, do que em todos os anos de democracia».

Nesta avaliação, Portugal e a troika (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) assinalaram «uma recuperação económica mais abrangente e acentuada», tendo o Vice-Primeiro-Ministro recordado que a previsão do crescimento da economia em 2014 era inicialmente de 0,8% do PIB, tendo sido depois revista para 1,2%, e prevendo-se agora que seja de 1,5%.

Assinalou-se também «a melhoria do desemprego, que é insuficiente face ao necessário porque o nível de desemprego é ainda elevado». Contudo, «depois de o desemprego ter atingido uma taxa de 17,7%, fechamos o ano de 2013 com 15,3%, e estamos agora com 15,2%», o que «é uma descida lenta mas consistente - há menos 114 mil desempregados no espaço de um ano», sublinhou Paulo Portas.

As duas partes apontaram também «a recuperação da posição de Portugal no mercados de dívida», tendo o Vice-Primeiro-Ministro referido a «diferença entre o quando isto tudo começou e o agora», recordando que «quando o Governo tomou posse, os juros a 5 anos estavam a 12,4% e hoje estão a 2,4%; e os juros a 10 anos estavam a 10,6%, e hoje são de 3,6%». Isto «mostra o sentido útil do esforço que foi feito», pois, recordou, que «houve resgate porque Portugal não conseguia financiar-se», acrescentando também que «esta melhoria dos juros suaviza o perfil de reembolsos das amortizações».

Portugal e a troika assinalaram também a continuação da recuperação das contas externas, isto é, da diferença entre exportações e importações, prevendo-se para o próximo ano um excedente de 1%, quando em 2010 este défice era de 10%. Paulo Portas reiterou que «o comportamento das exportações é absolutamente extraordinário», referindo que cresceram de 29% para 41% do PIB durante um período de recessão e de crise económica.

Quanto ao défice, a concretização do objetivo de 2,5% para 2015, cujas medidas são já conhecidas, retira Portugal do procedimento por défice excessivo da União Europeia, afirmou o Vice-Primeiro-Ministro recordando que em 2010 o défice era de 9,8% do Produto Interno Bruto.

As duas partes discutiram ainda «por obrigação de transparência, porque ficam já fora do período do programa, um conjunto de matérias para 2015», afirmando que «Portugal não pode voltar à irresponsabilidade financeira, mas não pode, também, perpetuar a excecionalidade», Paulo Portas referiu que «temos de ser capazes de dizer o que podemos fazer - com os pés assentes na terra - para podermos iniciar a recuperação do poder de compra dos trabalhadores da administração pública, com reposição de 20% do que foi cortado, e dos aposentados e reformados, que terão uma recuperação substancial do que tinham perdido», acrescentando que «isto também significa dinheiro a circular na economia».

Acerca das reformas estruturais, o Vice-Primeiro-Ministro referiu as da energia, recordando a diminuição das rendas excessivas, e afirmando que «serão tomadas mais medidas para reduzir custos de contexto da fatura energética», através do alargamento da tarifa social para as pessoas de menores rendimentos, da publicação dos preços de referência nas botijas de gás, da obrigação de fornecimento de gasolina sem aditivos e da renegociação dos contratos de gás, frisando que «uma redução dos custos de contexto com a energia é fundamental para as empresas serem competitivas».

No mercado de trabalho, a troika reconheceu as reformas estruturais que foram efetuadas, estando em curso o ajustamento de critérios de extensão dos contratos coletivos para atender às necessidades das PME e a redução da caducidade dos contratos coletivos e a sua suspensão temporária, por mútuo acordo, com as empresas em dificuldades. Foi mantida até final do ano a redução do pagamento das horas extra no setor privado.

O Vice-Primeiro-Ministro sublinhou a prioridade para o Governo da concertação social, afirmando que «queremos que os representantes dos trabalhadores e dos empregadores cheguem a compromissos», porque «nós acreditamos no compromisso social e fazemos uma aposta na Concertação Social».

Finalmente, Portugal e a troika chegaram ao compromisso de abandonar a ideia (proposta pela troika) de aproximação da indemnização por despedimento sem justa causa da do despedimento com justa causa, ideia que «era eticamente muito discutível e cujo impacto na realidade económica era marginal».

Paulo Portas afirmou ainda que levar a bom porto o Programa de Assistência Económica e Financeira «implicou por parte da sociedade portuguesa, esforços e momentos difíceis, mas ao longo deste tempo prevaleceu sempre muito bom senso entre os portugueses».

No domingo, o Conselho de Ministros decidirá a forma pela qual Portugal sairá do programa.

Conclusões da 12.ª avaliação do programa de assistência económica e financeira Tags: orçamento, economia, programa de assistência económica e financeira, união europeia, exportação, energia, reformas estruturais, défice, dívida, administração pública, emprego, trabalho, despedimento, competitividade, pensões, concertação social, mercados, balança comercial
   

 

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