«O fim do programa de assistência financeira não significa
autorização para voltar à irresponsabilidade financeira», afirmou o
Vice-Primeiro-Ministro na conferência The Lisbon Summit, organizada
pelo The Economist, em Cascais. Paulo Portas acrescentou que «não
podemos nem devemos voltar à irresponsabilidade financeira», porque
a situação vivida pelos portugueses nos últimos três anos «é única
e foi muito dolorosa», «não é experiência que se deseje
repetir».
O Vice-Primeiro-Ministro referiu que Portugal «não pode viver em
excecionalidade permanente», sendo necessário «definir o que é a
nova normalidade e o que o Estado pode garantir e com que meios».
Mas, «quem nos garante que como sociedade não voltaremos a passar
por uma experiência como esta? Porque aprendemos as lições»,
afirmou, acrescentando que é preciso manter a despesa sob controlo
e criar «capacidade de entendimento político e diálogo social».
Numa trajetória «muito difícil de ajustamento, foi muito
importante o espírito de compromisso social» e «o sentido de
compromisso prevaleceu sempre acima do radicalismo», pelo que «os
portugueses merecem um final positivo - é importante que haja um
caso bem sucedido no sul da Europa».
Entre os vários indicadores positivos da melhoria económica e
financeira do País e da transição para um novo ciclo, Paulo Portas
destacou «um exemplo gráfico, simples, mas significativo»: «"Há um
ano atrás se a Economist fizesse aqui uma conferência, por cada uma
empresa que nascia, desapareciam duas, hoje por cada uma que
desaparece estão a nascer duas».
«Portugal terminará o ano de forma positiva e um dos desafios
principais chama-se investimento. O investimento é que solidifica o
crescimento e diminui a fratura social do desemprego», afirmou
Paulo Portas que considerou que era difícil convencer os
investidores a arriscar num País com um pedido de ajuda externa.
Contudo, agora, os atuais indicadores de confiança e de crescimento
mostram que é o momento para voltar a investir.
Referindo a reforma do IRC e «o acordo estável» com o principal
partido da oposição e parceiros sociais no sentido de que a taxa vá
baixando nos próximos anos, garantindo que «Portugal terá uma das
melhores taxas da Europa para atrair investimento».