Fórum Europa, 10 fevereiro 2014
 
2014-02-10 às 12:33

OPOSIÇÃO VAI SER CHAMADA A PARTICIPAR NA REFORMA DO IRS

A comissão de reforma do IRS será nomeada em breve, e a oposição é chamada a participar nesta e noutras reformas cuja aplicação se estende para as próximas legislaturas, afirmou o Vice-Primeiro-Ministro, Paulo Portas, no Fórum Europa, em Madrid.

«Nessa altura, será possível falar de um entendimento com o PS (…) temos de ser suficientemente responsáveis para nos entendermos sobre a sustentabilidade das políticas no futuro, até porque acho que nenhum português, depois de 17 de Maio, quererá regressar às circunstâncias que nos conduziram ao resgate em 2011», disse Paulo Portas.

O Vice-Primeiro-Ministro sublinhou ainda que «os três partidos do arco da governabilidade (PSD, CDS e PS) têm que ser capazes de se empenhar e produzir resultados quanto a algumas políticas substantivas para o pós-troika».

Elogiando o programa Simplex implementado pelo anterior Governo, Paulo Portas afirmou que «chegou hora de um Simplex dois [entre os partidos do arco da governação] para facilitar as relações entre as empresas e as administrações». «São demasiadas as entidades decisivas num simples procedimento ou processo de investimento. São demasiadas as opiniões que se paralisam mutuamente».

Assim, explicou, «há que decidir, e quando se tarda demasiado em decidir, tem que haver responsabilidades. Um investidor que queira investir em Portugal tem o direito de saber sim ou não. O pior que se pode fazer é tê-los a esperar sem razão».

O Vice-Primeiro-Ministro sublinhou também: «Responder eficaz e rapidamente às empresas pode contribuir muito para a consolidação fiscal e para o crescimento, donde, é uma medida essencial para a economia».

Exemplificando setores a reformar no Estado, Paulo Portas quer «uma cooperação prática entre as diferentes Secretarias-Gerais dos vários Ministérios, não para fundir entidades, mas para procurar uma concentração de funções quando são parecidas, como é o caso de pagamentos».

Quanto à reforma do setor educativo, «a aposta deve ser fortalecer as opções existentes na escola pública, que é aquela que - estatal ou não - presta um serviço público mediante um contrato com o Estado». «Há que dar responsabilidades, e não apenas autoridade aos professores do sistema público para criar escolas públicas com projetos pedagógicos diferenciados».

Em relação à reforma do sistema de Segurança Social e pensões, o Vice-Primeiro-Ministro afirmou: «Deve abrir-se a oportunidade a um sistema de distribuição mais capitalização, em que cada um seja um pouco mais soberano sobre o seu dinheiro e a sua poupança».

«As reformas estruturais devem implementar-se depois de um processo de diálogo político e de consenso interno entre os partidos do arco de governação e os interlocutores sociais», referiu Paulo Portas, acrescentando que «a reforma do Estado é conter os gastos e ser prudente, não é apenas cortar, cabendo ao Governo procurar, em paralelo, melhorar a eficiência de todo o aparelho de Estado».

«Temos que reduzir a burocracia. Não se pode pensar em manter o gasto com uma mesma burocracia e não é admissível menos gasto para mais burocracia», afirmou o Vice-Primeiro-Ministro.

E concluiu: «Depois da crise da dívida soberana na Europa, não há hoje espaço para a irresponsabilidade financeira. Ao invés, a troco da responsabilidade financeira, tem que haver solidariedade europeia».

«Para já, é tempo de concluir o programa a 17 de maio e passar a 11.ª avaliação da troika, que se inicia a 20 de fevereiro», lembrou o Vice-Primeiro-Ministro, acrescentando: «Estou absolutamente convencido que Portugal será capaz de cumprir o programa de ajustamento» e «a Europa precisa de um caso de ajustamento que termine de forma positiva no sul da Europa».

«O calendário português para sair do programa de ajustamento termina a 17 de maio: um só resgate, um só empréstimo e um só calendário», afirmou.

Sobre a evolução dos indicadores económicos ao longo de 2013, Paulo Portas afirmou: «2014 será o primeiro ano de crescimento completo, e o primeiro para além da troika». «Este ano será melhor, com mais esperança pois - ainda que não se deva ter um otimismo irresponsável -, os indicadores são hoje mais positivos do que nos últimos anos».

Em relação ao fim da recessão, o Vice-Primeiro-Ministro referiu-se à «evolução lenta - mas constante - para melhor, do desemprego, do crescimento da produção industrial, das exportações, do turismo e da confiança de consumidores e empresários, para os melhores níveis dos últimos cinco anos».

Há um ano, em Portugal, «por cada empresa que abria, fechavam duas. Hoje, nascem duas empresas por cada uma que fecha, com o Governo a reduzir o défice de 10% que herdou, para cerca de 5%», acrescentou Paulo Portas.

«Quem passa por uma situação como esta, sabe que é muito fácil governar endividando as gerações vindouras. Mas, um dia, tem que se pagar. E nesse dia não são os que gastaram, nem os que endividaram que vão pagar. São todos, inclusive os que jamais autorizaram tanto gasto», sublinhou o Vice-Primeiro-Ministro, elogiando a decisão do anterior Governo espanhol de introduzir a «regra de ouro» sobre as finanças públicas na Constituição, o que «ajudou a Espanha a evitar um resgate geral, aumentando a confiança no momento mais crítico».

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