O Vice-Primeiro-Ministro afirmou que o Emir do Qatar «quis
claramente colocar Portugal no radar dos investimentos», devido à
criação de uma comissão mista dos dois países que se reunirá em
Portugal «já nos próximos meses». Paulo Portas, que se encontra
numa visita ao Qatar e aos Emirados Árabes Unidos chefiando uma
delegação de 42 empresários, acrescentou que «politicamente também
demos um passo bem bom nesta relação com o Qatar».
«Tradicionalmente, Sua Alteza, o Emir recebe Primeiros-Ministros
e Presidentes da República e não foi certamente por mim, foi por
Portugal que me recebeu, que ele quis claramente colocar Portugal
no radar dos investimentos. Isso é muito importante porque o Qatar
tem muitos capitais», explicou o Vice-Primeiro-Ministro, que foi
recebido pelo Emir, Xeque Tamim Bin Hamad Al Thani. O Emir chamou
para a reunião «uma parte do Governo, as autoridades de
investimento e sabia os sinais de confiança que Portugal está a
dar».
A intenção do Qatar de investir em Portugal foi evidente nas
reuniões da delegação portuguesa com o Primeiro-Ministro, o
Vice-Primeiro-Ministro, os Ministros das Finanças e Economia e as
autoridades de investimento e obras públicas do Qatar, referiu
Paulo Portas.
Paulo Portas afirmou ainda que «há confiança suficiente para
justificar esse novo passo» nas relações entre Portugal e o Qatar,
pelo que «as empresas exportadoras portuguesas devem ter mercados e
parcerias abertas» neste país. O Qatar tinha a tradição de investir
em países como a França, Espanha, Itália e Inglaterra, mas há
indícios de que «as empresas do Qatar se devem interessar no nosso
País». Paulo Portas disse não poder «estar mais satisfeito, já que
isto é um claro sinal de que o Qatar quer investir em
Portugal».
O Vice-Primeiro-Ministro afirmou também que hoje, devido aos
«esforços que os portugueses fizeram e que nos dignificam como
povo, é mais simples convencer os investidores a criarem riqueza em
Portugal. Essa mensagem tem que ser passada muito depressa e muito
intensamente, porque a base do crescimento chama-se
investimento».
«Quando Portugal estava em recessão e no período mais duro do
protetorado era difícil convencer os investidores. A partir do
momento em que estamos muito perto do fim do programa - faltam
pouco mais de seis meses - e a economia portuguesa está a dar
sinais de vida e de força, isso é muito atrativo para os
investidores», frisou.
No primeiro dia da visita, Paulo Portas destacou o contrato que
foi assinado pela empresa portuguesa de obras públicas MSF no valor
de 280 milhões de euros: «não é todos os dias» que uma empresa
portuguesa assina um contrato deste valor «na região do Golfo, onde
tradicionalmente estavam empresas francesas, inglesas, espanholas,
italianas, chinesas».«Provámos que éramos melhores do que os
outros. E atrás deste contrato podem vir outros e atrás de uma
empresa podem vir outras empresas portuguesas. É toda uma cadeia de
oportunidades que se pode estar aqui a gerar».
O mercado do Qatar estava normalmente mais reservado a outros
mercados europeus», pelo que «é muito importante que uma empresa
portuguesa» ganhe um contrato no país « e isso pode significar a
abertura, mostrando a nossa competência e eficiência, a novas obras
e novas oportunidades neste mercado». Este é «certamente o maior
contrato alguma vez ganho por uma empresa portuguesa de obras
públicas na região do Golfo», «uma das regiões do mundo onde a
economia mais cresce».
Recordando que o Qatar vai organizar o mundial de futebol de
2022, há aí «uma oportunidade para as empresas portuguesas», pois
«temos experiência relativamente à organização do [Europeu] 2004 e
as empresas portuguesas de construção são altamente internacionais.
Por outro lado, a engenharia portuguesa está seguramente entre as
melhores capacidades técnicas presente em todo o mundo, de modo que
é normal que as empresas se tenham interessado por essa missão
empresarial».
A delegação empresarial que acompanha o Vice-Primeiro-Ministro
inclui empresas do turismo, agroalimentar, farmacêutica, construção
e tecnologias de informação. Paulo Portas sublinhou que Portugal
pode «exportar muito mais para o Qatar»: «Vamos certamente fazê-lo
já no próximo ano».