«Entre 2011 e hoje, em certo sentido, não houve vida para além
do défice» mas «a partir de junho de 2014, haverá vida para além da
troika», afirmou o Vive-Primeiro-Ministro, Paulo Portas, no
encerramento do debate na generalidade do Orçamento do Estado para
2014, na Assembleia da República.
Numa referência ao guião para a reforma do Estado, o
Vice-Primeiro-Ministro referiu: «Algo me diz que o maior partido da
oposição cometeu um lapso sobre uma dimensão de avaliação política»
pois «dizer que os sinais de recuperação da economia são 'sol de
pouca dura' tem dois riscos maiores», sendo estes «o falhanço da
previsão sobre o que a economia consegue» e «deixar no ar a dúvida,
certamente injusta, de que o PS não consegue desenvolver uma
política de oposição em cenário de crescimento macroeconómico».
«Surpreende que o PS, que nos meteu nesta tortura, não perceba
que chegar ao dia seguinte à troika - daqui a sete meses - é a
melhor homenagem que podemos prestar aos portugueses, que foram
sacrificados e humilhados neste resgate imperdoável», sublinhou
Paulo Portas, acrescentando que é «perturbadora a declaração do
líder da do maior partido da oposição, segundo a qual em junho e
2014 Portugal estará pior do que em maio de 2011».
«Não vou responder-lhe […] mas vou perguntar a quem quer ser
Primeiro-Ministro: O que tem Portugal a ganhar em perder agora? O
que têm os portugueses a ganhar em 'morrerem na praia' em vez de
conseguirem reaver liberdade, soberania e o direito a viver
normalmente?», questionou o Vice-Primeiro-Ministro.
Paulo Portas referiu ainda que «quem defende a mudança é quem
está empenhado em terminar o programa de assistência económica e
financeira, enquanto os que defendem a opção de não cumprir estão,
mesmo que involuntariamente, a defender a continuidade da
dependência, do vexame e até dos defeitos do memorando».
«Apesar dos sinais de crispação exagerada [entre o Governo e a
oposição] permanecerem», o Vice-Primeiro-Ministro lembrou a
«necessidade de uma trégua política, pois não devemos desistir de
procurar o mínimo de concórdia nacional».
«Quando já se vê no horizonte o dia em que o resgate acaba, em
que o memorando cessa, e em que a troika parte, é preciso assumir
que não terminarão os constrangimentos, e que Portugal manterá
obrigações que derivam da soberania que partilha na União
Europeia», afirmou Paulo Portas. E concluiu: «O que o País recupera
em 2014 é a soberania para poder escolher as políticas que conduzam
ao cumprimento destas obrigações».